O Estado de S. Paulo
Depois de cair ao menor nível da história em abril, com retração de 18,8%, a produção industrial subiu 7% em maio, na comparação com o mês anterior, segundo dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O crescimento na produção, viabilizado pela flexibilização das medidas de isolamento social em algumas partes do País, foi impulsionado pela base de comparação baixa. O IBGE pondera que a retomada ainda foi insuficiente para reverter a queda de 26,3% acumulada nos meses de março e abril. Com isso, o setor fabril permanece no segundo patamar mais baixo desde o início da série histórica da pesquisa.
“É natural esse crescimento (de maio) em função de o mês de abril ter sido muito caracterizado por uma interrupção e paralisações de plantas produtivas. Então, com a volta da produção em maio, mesmo que de forma parcial, isso tem algum tipo de acréscimo em relação aos meses anteriores”, diz André Macedo, gerente na Coordenação de Indústria do IBGE.
A indústria operava em maio 21,2% abaixo do patamar em que estava no mês de fevereiro, antes que tivesse início no País a crise sanitária provocada pela pandemia.
Na passagem de abril para maio, houve aumento na produção em 20 das 26 atividades industriais pesquisadas. As influências positivas mais relevantes foram de veículos automotores (244,4%), derivados do petróleo e biocombustíveis (16,2%) e bebidas (65,6%).
O resultado geral da pesquisa indica que o período mais crítico da economia foi em abril, avaliou o economista-chefe do Haitong Banco de Investimento, Flávio Serrano, que também espera um desempenho positivo do setor no mês de junho. Todavia, é preciso cautela antes que se possa comemorar.
“Precisamos ver quanto iremos perder de nível de atividade em relação ao patamar pré-crise quando as condições estiverem mais próximas da normalidade e monitorar os riscos de uma segunda onda do coronavírus, que poderia fazer com que a atividade voltasse a contrair”, afirmou Serrano.
O economista-chefe da Sul-America Investimentos, Newton Camargo Rosa, acredita que o resultado da produção industrial em maio ajuda os empresários a verem a economia com olhos mais otimistas.
“O que pode atrapalhar um pouco (a trajetória de retomada da economia) é uma eventual evolução da pandemia”, disse o economista, que prevê tendência de que a economia se recupere aos poucos se a covid-19 for controlada. Ele prevê queda de 6,1% no PIB em 2020. (O Estado de S. Paulo/Daniela Amorim e Francisco Carlos de Assis)