AutoIndústria
Em meio ainda à progressão da disseminação do coronavírus e medidas de restrições crescentes na Europa e Estados Unidos, dois dos três maiores polos produtivos e consumidores mundiais, algumas consultorias já arriscam projeções para as vendas de veículos em todo o planeta em 2020.
Em menor ou maior grau, as estimativas apontam que milhões de veículos novos deixarão de chegar às ruas em todo o planeta. E, diferente do que boa parte dos analistas imaginava até fevereiro, quando a epidemia estava concentrada sobretudo na China, parque fornecedor mundial de autopeças, o principal fator do tombo será a drástica redução da demanda.
A conceituada inglesa IHS Markit estima que as vendas globais de automóveis podem recuar 12% sobre o ano passado e limitarem-se a 78,8 milhões de unidades, 10 milhões a menos do que inicialmente a consultoria projetara para 2020.
“A indústria automobilística global deve testemunhar uma paralisação sem precedentes e quase instantânea da demanda em 2020”, enfatiza a consultoria. “Uma queda de 12% seria consideravelmente pior do que o declínio de 8% de pico a vale de dois anos durante a recessão global em 2008/2009”, destaca a IHS.
O cálculo já considera a lenta retomada nas atividades produtivas e comerciais na China a partir da semana passada. O país, epicentro inicial da pandemia, é também o maior mercado consumidor de veículos, responsável por um terço das vendas mundiais. Os negócios locais, projeta a IHS, devem somar 22,4 milhões de unidades, 10% a menos que em 2019.
Para a Europa, hoje com fábricas totalmente inativas e com seguidos anúncios de prorrogação das paralisações e restrições de mobilidade, a consultoria fala em decréscimo maior, próximo de 14%, para 15,6 milhões de unidades. Ou seja: 1,9 milhão a menos do que esperava antes do coronavírus.
O quadro imaginado para os Estados Unidos é ainda pior. O mercado local recuará para 14,4 milhões de automóveis, 15,3% abaixo na comparação anual e 2,4 milhões a menos do que a consultoria calculava para 2020.
“As perspectivas de mercado são variadas, com vislumbres emergentes de esperança para a China, embora vulneráveis ao risco de que o vírus exploda nos próximos meses”, pondera a IHS, que imagina uma lenta recuperação nas vendas globais após o fim da crise.
Cenário ainda pior
Outra consultoria internacional, a LMC Automotive, tem números até mais preocupantes para o setor. A primeira projeção da instituição indicava vendas ao redor de 90 milhões de unidades para este ano. A estimativa agora é de não mais do que 77 milhões de automóveis, recuo de 15% sobre os números consolidados no ano passado e 14 milhões de unidades a menos.
A LMC não descarta um cenário ainda pior e que limitaria o volume negociado em 69 milhões de veículos, com encolhimento mais acentuados nos mercados da América do Norte, Europa e China. (AutoIndústria/George Guimarães)