Transporte rodoviário de carga no Brasil recua 26% em dez dias

Estradão

 

O volume de transporte rodoviário de carga (TRC) no Brasil recuou 26,14% em dez dias. É o que aponta um levantamento feito pela Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística) com 600 transportadoras brasileiras.

 

O objetivo é monitorar o impacto da quarentena imposta pela pandemia do coronavírus. Foram ouvidas empresas de pequeno, médio e grande porte. O levantamento foi realizado entre segunda-feira (23) e terça-feira (24).

 

“Esse é o primeiro estudo que realizamos desde que a doença chegou ao País”, afirma o assessor-técnico da NTC&Logística, Lauro Valdivia, responsável pelo levantamento. “A intenção é ouvir as transportadoras uma vez por semana para monitorar e ajudar o setor a avaliar o impacto nos negócios das empresas e na economia”.

 

A indústria é o setor mais afetado pela quarentena. O segmento que apresentou o maior recuo no volume de carga transportada foi o de embalagens plásticas. A queda foi de 55,36%, de acordo com a apuração da NTC&Logística.

 

Em seguida vêm o setor eletro-eletrônico, com recuo de 46,50%. A queda no volume de transporte de produtos e equipamentos para a indústria automotiva foi de 37,62%.

 

O setor com menor queda foi a indústria química, com recuo de 7,96%. O agronegócio e a indústria alimentícia (produtos não refrigerados) tiveram retração de, respectivamente, 11,50% e 16,21%.

 

O único setor com aumento no volume de carga transportada foi o farmacêutico. O levantamento da NTC&Logística aponta alta de 0,84% nos últimos dez dias.

 

Lojas fechadas, transporte recua

 

O número de entregas ao chamado comércio de rua (lojas em geral) recuou 40,74%. Nos últimos dez dias, o volume de transporte do tipo B2C (da indústria para o consumidor final) caiu 29,81%.

 

As entregas realizadas em shopping Center caíram 26,88%. A menor queda registrada no segmento, de 14,17%, aconteceu nos supermercados e hipermercados.

 

Valdivia avalia que, mesmo com a tendência de aumento na busca por alimentos e produtos farmacêuticos em um momento como o de pandemia, o consumidor está segurando as economias. “Isso explica o fato de até as mercadorias essenciais sofrerem retração de consumo num momento como este”.

 

Presidente da NTC&Logística, Francisco Pelúcio diz que se a letargia econômica se estender por muito tempo, o País entrará em colapso. “Os embarcadores operam com prazo de faturamento de, em média, 30 a 45 dias. Mas já há embarcadores pedindo 90 dias para acertar as contas com as transportadoras”.

 

Para minimizar as perdas e viabilizar o setor, a entidade está solicitando a liberação de uma linha de crédito ao Ministério da Economia. “Temos que retomar os negócios. A indústria não pode parar”.

 

Pelúcio afirma ainda que o setor vem orientando os profissionais acerca da prevenção e dos riscos envolvendo o coronavírus. “Cada empresário está cuidando dos seus colaboradores e motoristas”. (Estradão)