Vendas diárias de carros caem 44% por causa do coronavírus

Jornal do Carro

 

A quarentena por causa do coronavírus começa a impactar de forma vigorosa as vendas diárias de carros no País. Com a falta de clientes nas concessionárias e um sistema de vendas on-line ainda embrionário, os números atuais chegam a ser mais 44% menores em relação ao de pico, de 12.112 emplacamentos.

 

No último número disponível, da última sexta-feira (20), as vendas foram de 6.977 unidades. Uma queda progressiva já em comparação com o dia anterior, quinta, com 8.231 vendas. Somente as partes de oficina das lojas continuam abertas e fazem parte das regras de exceção do governo quanto ao funcionamento de estabelecimentos.

 

O cenário de aumento do mercado total previsto para 2020 desmoronou após a sugestão do confinamento e imposição de fechamento de lojas e fábricas por causa da covid-19. Na semana passada todas as grandes montadoras anunciaram a paralisação de suas operações, quase todas até o fim de abril.

 

O Chevrolet Tracker, por exemplo, que seria lançado com grande expetativa pela marca, com a missão de ser líder do segmento de SUVs, teve que ser mostrado por videoconferência, perdendo parte de seu impacto de chegada. Tanto que a GM lançou uma política agressiva de publicidade, alfinetando inclusive outras marcas.

 

Porém, mesmo com estes números alarmantes, o presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), Alarico Assumpção Júnior, se mostra minimamente confiante. “O resultado não será negativo. Mas será abaixo dos 9% previstos. As vendas estavam estáveis na quinzena, muito equilibradas com os volumes de fevereiro, mas a partir de quarta-feira o fluxo de clientes diminuiu”.

 

Veja a entrevista completa do executivo sobre a situação do coronavírus:

 

As revendas autorizadas vão fechar as portas?

Há essa determinação em alguns Estados, mas estamos pedindo que pelo menos seja permitido manter as oficinas funcionando para podermos prestar assistência aos que precisarem. Já conseguimos essa permissão em alguns locais, como São Paulo, Santa Catarina e Goiás.

 

O que pode ocorrer com o setor se as lojas tiverem de ficar fechadas por muito tempo?

A grande parte da rede de distribuição não vai suportar mais essa crise. Muitas delas estão com problemas desde a crise de 2008. A preocupação grande não é com a gestão, mas com o fluxo de caixa. Nós respondemos por 4,5% do PIB nacional. São 7,2 mil revendas em 1.050 cidades do País que geram 315 mil empregos diretos. Vamos fazer de tudo para preservar essa mão de obra, mas se a crise persistir alguns não vão aguentar.

 

A Fenabrave busca alternativa?

Já pleiteamos a postergação de pagamento de encargos e impostos e conseguimos. Agora estamos trabalhando para a abertura de concessão de crédito para capital de giro para as concessionárias que tenham necessidade de caixa.

 

Com o fechamento das montadoras, o que pode acontecer?

Pode começar a faltar peças e até alguns modelos. Temos estoques para 30 a 45 dias, mas não sabemos quanto tempo essa situação de paralisação vai durar, se uma semana, um mês ou mais. (Jornal do Carro)