Sindicatos se mobilizam, autopeças começam a parar

AutoIndústria

 

Há um movimento generalizado nos sindicatos dos metalúrgicos em prol da suspensão das atividades da categoria, a fim de evitar a evolução da pandemia do novo coronavírus no País. As montadoras em geral já anunciaram paralisação de suas operações e a pressão agora é para que as autopeças adotem a mesma medida.

 

Após negociação com o Sindicato de Sorocaba (SP), a Schaeffler anunciou férias coletivas a partir desta segunda-feira, 23, até 13 de abril. Segundo nota da empresa, nenhum empregado foi diagnosticado com a doença até o momento: “A Schaeffler aproveita para reiterar os cuidados que todos devem ter em relação à saúde e reforça que neste momento devemos todos nos resguardar em nossas residências e evitar ao máximo o contato com outras pessoas”.

 

Também a Bosch comunicou nesta segunda-feira, 23 que adotará férias coletivas a partir de 30 de março. O retorno às atividades, segundo nota da empresa, será a princípio a partir de 20 de abril. A empresa informa ainda que o desenvolvimento das operações do Grupo Bosch no País dependerão fortemente do desenrolar futuro desse cenário e, portanto, ainda é muito cedo para fazer qualquer comentário sobre o tema.

 

Na semana passada, a Pirelli, fabricante de pneus, anunciou paralisação de suas atividades. Consultado sobre o assunto, o Sindipeças informou não ser possível neste momento fazer estimativas quanto aos efeitos da pandemia no setor, assim como na economia em geral: “Os fabricantes de autopeças precisarão acompanhar o movimento das montadoras de veículos, os impactos no mercado local e internacional e na cadeia de fornecedores de local e internacional e, em especial, as determinações das autoridades”.

 

A direção do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC divulgou nota na semana passada com o seguinte título: “Coronavírus: ou as empresas param até dia 30 ou nós paramos as empresas”. Preocupada com a pandemia do coronavírus, a entidade encaminhou ao Sinfavea e ao Sindipeças a reivindicação de paralisação geral das montadoras e fornecedores até o dia 30.

 

“Não adianta uma empresa parar e a outra não, já que muitas empresas fornecem para mais de uma montadora. O trabalhador não vai pagar mais este pato. Ou as empresas param ou nós pararemos as empresas”, destaca a nota.

 

Também o Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba informa que está negociando com todas as empresas da base para que paralisem suas atividades por pelo menos 15 dias. A Toyota, que tem fábrica na cidade, já anunciou paralisação. O presidente da entidade, Leandro Soares, enfatiza que é preciso garantir a saúde dos trabalhadores. “O momento pede que nós adotemos essas medidas. Os metalúrgicos não podem ficar exposto ao risco de contrair a doença e, consequentemente, contaminar seus familiares e amigos”.

 

Greve geral

 

O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e região (SP) foi além e decretou greve geral da categoria a partir desta segunda-feira, 23. Em alguns lugares os funcionários pararam de trabalhar e em outros houve liberação dos empregados. A GM, que tem fábrica na cidade, antecipou o início das férias coletivas para terça-feira, 24. A entidade sindical publicou o edital de estado de greve no domingo (22).

 

“Esta é uma greve em defesa da vida dos trabalhadores”, destaca o presidente do Sindicato, Weller Gonçalves. “Ficar dentro da fábrica representa um risco para todos. É um assunto de extrema gravidade e tem de ser tratado com toda responsabilidade pelas empresas e pelo governo. Continuaremos nas fábricas durante a semana para garantir a paralisação de toda a categoria”. (AutoIndústria)