UOL Carros
Um assunto polêmico voltou à tona nos últimos dias. Vídeos no YouTube que ensinam a separar o etanol da gasolina voltaram a se popularizar, com a promessa de que o resultado garante um “combustível mais puro” – o que traria benefícios ao carro/moto.
Tempos atrás, abordei este assunto e recebi milhares de críticas dos alquimistas de Internet. Mas o fato é que realizar o procedimento em casa é perigoso para quem realiza e pode ser bem prejudicial para o carro.
Tenho que admitir que, quando ouvi a ideia pela primeira vez, parei para pensar. Nunca fui boa em química, então fui atrás de pessoas que entendem mais do assunto do que eu.
Enviei um e-mail para Petrobrás, Shell e Ipiranga. Também conversei com gente da área do petróleo e com engenheiros automotivos, além de algumas pessoas da indústria automotiva, das áreas de projetos e testes.
E a conclusão? Não faça!
A gasolina que chega nos postos de combustível é coisa muito séria. Existe tecnologia envolvida, muitos detalhes e fazer essa separação de fundo de quintal resulta em algo imprevisível.
Nas conversar que tive com os especialistas, o ponto crítico destacado foi o fato de que a gasolina resultante deste processo é de baixíssima octanagem, suficiente para causar um bocado de danos nos motores, especialmente os modernos, que têm taxas de compressão cada vez mais altas – e o módulo de injeção eletrônica não consegue corrigir isso.
Podemos reclamar o quanto quisermos da nossa gasolina. O fato é que temos que nos adaptar a ela da forma mais coerente possível e com muita informação.
Nos carros antigos, que estavam preparados para gasolina sem etanol (mas com chumbo, afinal a gasolina nunca foi tão purinha assim), temos que ajustar taxas de compressão, calibragens de carburadores e mais um montão de coisas para que eles fiquem adequados ao novo combustível. Mas nos carros modernos a gasolina atual é “esperada” por eles, então não temos que inventar moda.
Além disso, qualquer coisa que façamos com os combustíveis “em casa” é ilegal, é adulteração e é perigoso. Sem contar os cuidados com descartes das partes que, teoricamente, “não prestam” – já que a maioria derrama isso no esgoto, na rua, no quintal…
Esse assunto é realmente importante. Incentivo a fazerem coisas na garagem, mas quando sei que é seguro para vocês e realmente benéfico para o automóvel. Tomem muito cuidado com conteúdo que contenham, principalmente, gambiarras. Ainda que prometam alguma economia de dinheiro, garanto que lá na frente vão trazer um problema ainda maior. (UOL Carros)