Estudo nos EUA aponta que Uber e Lyft geram 70% mais poluição do que as viagens que substituem

Diário do Transporte

 

Apesar de venderem um discurso que auxiliam no combate à poluição e na redução do congestionamento de tráfego, as plataformas de transporte individual de passageiros, como Uber e Lyft, não têm conseguido comprovar de que forma isso se dá na redução das emissões diárias de poluentes.

 

Um novo estudo divulgado pela Union of Concerned Scientists, traz uma resposta preocupante e na contramão do afirmado pelas empresas de carona.

 

A Union of Concerned Scientists (UCS) é uma organização sem fins lucrativos que reúne cientistas em prol da proteção ambiental com sede no Estados Unidos.

 

No relatório divulgado ontem, a organização de cientistas afirma que uma plataforma como o Uber “é uma opção atraente para muitos viajantes e pode aumentar a mobilidade de famílias que não possuem veículo particular. No entanto, nas comunidades de todo o país, o número de deslocamentos está aumentando as viagens de veículos, a poluição climática e o congestionamento”.

 

Ainda segundo o relatório, o crescimento explosivo dos serviços de carona, incluindo Uber e Lyft, está aumentando a poluição climática e o congestionamento urbano. “À medida que a crise climática se torna ainda mais urgente, é mais importante do que nunca que a indústria de carona contribua para um sistema de transporte mais baixo em carbono e mais sustentável”, alerta o relatório.

 

Ao invés de substituírem viagens por carros particulares, o relatório afirma que o que fazem as empresas de aplicativos é justamente o oposto: “Nossa análise mostra que as viagens de carona hoje resultam em uma estimativa de 69% a mais de poluição climática, em média, do que as viagens que realizam”.

 

Desde a introdução de Uber e Lyft, os aplicativos de transporte individual rapidamente deslocaram os táxis e levaram a um aumento geral no número de passageiros contratados.

 

Apesar disso, a Union of Concerned Scientists vê saídas para minimizar esse efeito danoso ao meio ambiente, mas que passa necessariamente por um transporte mais limpo e com investimentos públicos no transporte de massa:

 

“Felizmente, o setor pode implementar várias estratégias para lidar com os impactos negativos da carona e contribuir para um futuro de transporte de baixo carbono. Ele deve se mover rapidamente para eletrificar veículos, aumentar viagens combinadas e complementar o transporte de massa. Os governos podem apoiar esses esforços com políticas inteligentes que reduzam a poluição e apoiem sistemas de transporte eficientes e equitativos. E os indivíduos podem fazer escolhas informadas entre as opções de transporte para reduzir o congestionamento e a poluição e incentivar as empresas a oferecer opções mais limpas”.

 

Segundo o relatório, os aplicativos de transporte individual são um problema climático por duas razões principais. Primeiro, uma viagem contratada é mais poluente do que uma viagem em um carro pessoal, principalmente como resultado das distâncias que o veículo percorre sem passageiros, entre uma corrida e outra. A isso o estudo chama de “deadheading”.

 

A segunda razão é que o aplicativo não está apenas substituindo viagens pessoais de carro; ao contrário, ele está aumentando o número total dessas viagens. Na ausência do aplicativo, muitos passageiros optariam por transporte público, caminhar, andar de bicicleta ou até mesmo desistir de sair.

 

Baseado em informações publicamente disponíveis, e de dados de viagem para sete grandes áreas metropolitanas dos EUA, além de dados de várias outras fontes, a UCS estima que uma viagem de aplicativo sem compartilhamento (o passageiro viaja sozinho) gera cerca de 47% mais emissões do que uma viagem de carro particular em um veículo de eficiência média de combustível.

 

Uma viagem por aplicativo sem compartilhamento é 47% mais poluente do que um passeio de carro particular.

 

Outros modos

 

O relatório da UCS aponta que o transporte por aplicativo é especialmente popular em áreas urbanas densas, onde eles representam uma parcela geral maior do que em subúrbios menos densos. No entanto, pondera o documento, “as áreas urbanas também são onde o transporte coletivo, as caminhadas e o ciclismo são geralmente mais usados para o transporte, e esses três modos de viagem produzem menos ou até mesmo zero emissões de carbono em comparação com os carros”.

 

Por esse motivo, defende o estudo, viagens por aplicativo nessas áreas geralmente substituem os modos menos poluentes. O uso desse modo individual no lugar dos modos de baixo carbono resultará em um aumento maior nas emissões do que na substituição de uma viagem de carro particular. No entanto, o uso de carona para se conectar ao transporte de massa pode resultar em uma viagem geral menos poluente, se a viagem combinada substituir uma viagem de carro. (Diário do Transporte/Alexandre Pelegi)