Governo quer ônibus a gás em vez de diesel nas metrópoles do Brasil

Estradão

 

O Ministério do Meio Ambiente quer que as grandes cidades do Brasil utilizem ônibus a gás em vez de modelos a diesel. Em entrevista ao BRPolítico, o ministro Ricardo Salles afirmou que o objetivo é melhorar a qualidade de ar. De acordo com ele, o projeto, que terá subsídio do governo, deve ser apresentado em abril.

 

Segundo Salles, a troca pelo gás seria feita em um primeiro momento da execução do plano. Na segunda fase, os ônibus a gás podem substituídos por modelos elétricos. O ministro disse que já está conversando com representantes das montadoras.

 

O projeto poderá contar com investimentos estrangeiros. De acordo com Salles, o financiamento deverá ter juros próximos a zero . “Será tudo subsidiado. Já estamos negociando um recurso internacional para ajudar na substituição de toda a frota”, afirma.

 

De acordo com Salles, a medida se encaixa nos projetos do governo de combates às mudanças climáticas. Ele afirmou que a Anfavea, associação que reúne as montadoras de veículos do País, está envolvida no projeto. “Estamos falando com o pessoal que produz caminhões e ônibus no Brasil. Não adianta fazer muito no longo prazo. Tem de fazer coisas factíveis no curto prazo.”

 

Ele diz que para viabilizar o projeto será preciso definir também o tipo de tecnologia. “Tem de ser a tecnologia que se adapte ao Brasil”, afirma.

 

De acordo com Salles, a mudança de matriz energética é uma decisão que cabe ao governo. “E isso também dá para fazer na parte dos geradores, com os de energia de prédio. Tem muitos a diesel. Você transforma a matriz para gás.”

 

Os ônibus a gás estão longe de ser novidade no Brasil. Em, 2006, no início da operação do Expresso Tiradentes, corredor que liga as zonas Leste e Sul de São Paulo, foram testados ônibus híbridos e a gás.

 

O modelo a gás era um Citelis GNV, fabricado na França pela Irisbus, divisão de ônibus da Iveco. O modelo (foto acima) tinha motor Cursor 8 de 720 cv de potência.

 

Um dos projetos mais recentes teve início em março de 2019, em Curitiba. A Scania fez uma parceria com a prefeitura da capital do Paraná para testes com ônibus a gás natural e, posteriormente, biometano.

 

A Scania informa que o ônibus a gás emite bem menos poluentes que um mesmo modelo com motor a diesel. A redução é de cerca de 85% ao utilizar biometano e 70% com GNV. Além disso, o custo operacional por quilômetro rodado é quase 30% menor, de acordo com dados da fabricante.

 

O ônibus testado em Curitiba era um Scania K280 4×2 com carroceria Marcopolo. O motor, de 280 cv, é feito na Suécia e já atende a norma Euro 6. No Brasil, o Proconve P7, programa que regula as emissões de poluentes, é equivalente à Euro 5.

 

A implantação do projeto pode ocorrer em cerca de um ano e meio após a aprovação. Isso se a tecnologia adota for simples, de acordo com Salles. “Se for mais complexa, demora mais. Três anos em diante.” O ministro afirmou que o programa será implantado ainda durante o mandato do presidente Jair Bolsonaro.

 

Os caminhões a gás também estão nos planos do Ministério do Meio Ambiente. “Estamos tratando de ônibus dos grandes centros urbanos. Num segundo momento, podemos pensar na frota de caminhões”, diz Salles.

 

A oferta de caminhões a gás deve se consolidar nos próximos anos. Na edição de 2019 da Fenatran, em outubro, a Scania começou a aceitar pedidos de compras para esse tipo de veículo.

 

A marca também fez uma parceria com a Ambev para testar os novos modelos. A cervejaria avalia duas unidades do R410 6×4 movidas a gás natural liquefeito, tecnologia inédita no País. “A vantagem é a maior autonomia em relação ao gás natural comprimido (400 km e 1.200 km, respectivamente), afirma o diretor comercial da Scania, Silvio Munhoz.

 

Os primeiros caminhões a gás feitos pela Scania no Brasil devem ser entregues em abril. Para viabilizar a produção, a marca investiu R$ 21 milhões na fábrica de São Bernardo do Campo, no ABC paulista. (Estradão)