Sinergia para aprimorar qualidade

Jornal do Carro

 

A necessidade de direcionar grandes investimentos para desenvolver tecnologias relacionadas a carros elétricos, autônomos e conectados vem levando as montadoras a buscarem alianças. Até arquirrivais, como BMW e Mercedes-Benz, anunciaram parceria para permitir que no futuro seus veículos dispensem o motorista em algumas situações. E essa é a principal razão para a aliança entre FCA e PSA, anunciada na semana passada. A união das empresas vai criar o quarto maior grupo automotivo do mundo (veja detalhes na próxima página). Mas o que o consumidor pode ganhar com isso?

 

Em um primeiro momento, as fabricantes podem aproveitar o que cada uma tem de melhor e replicar na outra. Tomemos um exemplo: em 2017, o Peugeot 3008 conquistou o título de Carro do Ano na Europa. É uma chancela importante, e para conquistar o prêmio o SUV francês superou diversos automóveis, incluindo alemães de marcas premium.

 

Ainda assim, tanto o 3008 como o 5008 são sucesso de vendas basicamente na França. Da mesma forma, a Fiat vende bem na Itália (que não está entre os maiores mercados europeus) e no Brasil. O pulo do gato seria utilizar os pontos fortes do Peugeot 3008 (para mantermos o mesmo exemplo) no Jeep Compass, por exemplo.

 

Segundo o presidente da consultoria Jato do Brasil, Vitor Klizas, no curto prazo devem ocorrer trocas de tecnologias, que o consumidor nem irá notar. “As novidades estarão atrás do painel, no lugar onde não se vê.” Ele se refere a áreas como infotainment (informação e entretenimento). “Nesse ponto, a PSA está bem mais avançada que a FCA”, afirma.

 

O acordo poderá permitir que os carros da Fiat tenham acesso à moderna plataforma modular CMP do Grupo PSA. Recém-lançada, a nova base está pronta para ser utilizada em veículos elétricos. É o caso, por exemplo, do Peugeot 208 europeu, que tem uma versão elétrica batizada de e-208.

 

Com o aumento da escala de produção, Klizas prevê a possibilidade de oferecer mais tecnologia por um custo mais acessível ao consumidor.

 

Só em um segundo momento o presidente da Jato diz que poderá haver intercâmbio de conjuntos mecânicos. Nesse caso, um sistema mais evoluído poderia ser utilizado por outras marcas do grupo. Isso evitaria o investimento isolado de uma determinada marca para uso individual.

 

Como exemplo, o Renegade tem motor 1.8 flexível que não está à altura de sua robusta plataforma. O motor 1.6 turbo de origem PSA poderia dar mais agilidade ao SUV da Jeep.

 

Além disso, o motor 1.2 turbo PureTech da PSA pode ser uma opção aos modelos compactos da Fiat, por exemplo.

 

“As novidades estarão atrás do painel, no lugar onde não se vê” Vitor Klizas, presidente da Jato. (Jornal do Carro/Hairton Ponciano)