Como alcançar maturidade digital no setor automotivo

Portal Terra

 

Poucos setores são tão impactados pelo avanço da tecnologia do que o automotivo. Desde que Henry Ford instituiu a linha de montagem no início do século 20, a indústria não parou de se transformar e crescer. A mais recente fronteira para as empresas desbravarem é a digital. Hoje, não só os automóveis são fabricados com sensores e recursos conectados, como também os próprios processos das organizações já migraram do ambiente offline para o online. Dessa forma, para se destacar da concorrência e se consolidar no mercado, é necessário passar pela transformação digital.

 

Expressão da moda no ambiente corporativo atualmente, o conceito também chegou às empresas automotivas. Praticamente metade dos executivos do setor (49%) acredita que a conectividade e a digitalização são um dos caminhos mais importantes para a área, de acordo com relatório conduzido pela consultoria KPMG. Foi o segundo assunto mais lembrado, atrás apenas das baterias elétricas. Um cenário totalmente diferente de dois anos atrás, quando o tema ficou apenas na décima posição no ranking das principais tendências esperadas pelos empresários.

 

Os números mostram que não se pode simplesmente subestimar a revolução tecnológica. Ela é muito mais avassaladora do que qualquer resistência que as empresas podem oferecer. Antigamente, até era possível encontrar alguma oposição nas montadoras e concessionárias. Carros com muita tecnologia embarcada costumavam ser rejeitados por mecânicos, motoristas e revendedores. Mas a partir do momento em que essas soluções passaram a fazer parte de nossas vidas, tudo mudou. Hoje, até para trocar um pneu a pessoa tem que ter cuidado redobrado para não estragar o sensor que monitora a pressão, por exemplo.

 

Portanto, mais do que desprezar, é preciso compreender que o processo de transformação digital não tem fim e vai continuar acontecendo – esteja o setor preparado ou não. A tecnologia é cada vez mais efêmera, ou seja, ela muda rapidamente a partir de novos conhecimentos, observações e práticas das empresas e profissionais. O que é novidade hoje torna-se commodity amanhã e as companhias automotivas precisam ter isso em mente. Agora, o movimento primordial é observar as tendências e colocar o consumidor no centro das decisões. A meta é desenvolver produtos e serviços de qualidade, garantindo o sucesso e crescimento do próprio negócio.

 

Dessa forma, por mais que a tecnologia seja importante, é a essência da companhia que será a base para a transformação digital. Não adianta ter as melhores soluções se o mindset dos processos ainda for analógico e manual ao invés de disruptivo e automatizado. Olhe o exemplo do setor financeiro: bancos e fintechs esbanjam diferentes recursos digitais, mas são as pequenas startups que realmente desenvolvem produtos que fazem a diferença na vida da população. O segredo não está na tecnologia, mas em outro patamar, como a desburocratização, agilidade e prestação de um serviço com melhor qualidade a um preço bem mais justo.

 

Em um setor onde os carros elétricos já são uma realidade e os veículos autônomos estão prestes a serem lançados por grandes multinacionais de tecnologia, chega a ser irônico ver que ainda existem empresas que sequer utilizam a tecnologia para melhorar seus processos e aumentar sua competitividade. O fato é que aqueles que não estimulam a transformação digital em suas companhias acabam ficando para trás. Na indústria automotiva, pensar em automação e agilidade não é mais artigo de luxo; é questão de sobrevivência. (Portal Terra/Vinicius Melo, CEO do Papa Recall – Aplicativo que avisa o motorista se o automóvel cadastrado teve algum chamado da fabricante para conserto ou troca de peças)