Indústria de máquinas agrícolas ainda sente efeitos da falta de crédito no início do ano

Zero Hora

 

Há várias maneiras de interpretar o balanço divulgado pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) sobre o desempenho do setor de máquinas e implementos agrícolas em 2019. Em pelo menos dois recortes, o placar segue sendo negativo. Na comparação do acumulado até agosto com igual período do ano passado, houve redução de 5,8% no número de unidades vendidas no país.

 

Olhando agosto sozinho, sobre igual mês do ano passado, o tombo fica ainda maior: 17,4%. É somente quando relacionado a julho, mês imediatamente anterior, que o cenário é positivo, apontando crescimento de 6%.

 

Os resultados contrastam com o otimismo da recém-encerrada Expointer, quando os negócios encaminhados pelo setor expandiram 11,4%, ajudando a elevar a cifra final da feira. Mas existem explicações para isso.

 

A principal é a falta de recursos, durante o primeiro semestre, em duas das principais linhas de financiamento, Moderfrota e Pronaf, fazendo com que o desempenho no período ficasse abaixo do ano passado.

 

“Aquilo parou tudo. Foram praticamente dois meses sem venda, o que foi muito ruim para indústria” reforça Claudio Bier, presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas do Rio Grande do Sul (Simers).

 

Avaliação compartilhada por Alfredo Miguel, vice-presidente de máquinas autopropulsadas da Anfavea. O dirigente estima que o impacto do período sem contratações não deva ser superado até o final do ano, o que, “certamente, impactará o setor agrícola”.

 

“Seria muito importante que tivéssemos, enquanto país, planejamento mais assertivo que atenda à demanda de crédito para o setor de máquinas, para o produtor agrícola, que cubra toda necessidade durante o período do plano safra” reforçou Miguel, em depoimento em vídeo sobre os números divulgados pela entidade.

 

Bier tem uma visão um pouco mais otimista. Projeta ser possível “pelo menos empatar” as vendas deste ano com as de 2018. E acrescenta que o efeito positivo dos negócios fechados durante Expointer deve aparecer somente no próximo balanço dos números do setor. (Zero Hora/Gisele Loeblein)