O Estado de S. Paulo
São tímidos os indicadores de que o consumo tende a se recuperar neste semestre. É o que mostram levantamentos da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) e da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Os indicadores ainda estão no campo negativo, embora a pesquisa Intenção de Consumo das Famílias (ICF), da CNC, após cair desde março deste ano, tenha registrado alta entre julho e agosto.
A marca de 91,4 pontos da ICF é semelhante à de 91,2 pontos observada em dezembro de 2018, revelando que não se pode falar senão em estabilização ao longo do ano. Mas, comparativamente ao ponto mais alto do período, a queda foi forte em relação a fevereiro, quando a ICF atingiu 98,5 pontos.
Dos sete itens que compõem a ICF, apenas três se situam no campo positivo (acima dos 100 pontos). São eles a confiança no emprego atual, a perspectiva profissional e a renda atual, que subiram, entre agosto de 2018 e agosto de 2019, respectivamente, 3,3%, 3,5% e 9,5%. Trata-se, nos três casos, de um sentimento favorável dos consumidores que contrasta com os níveis gerais de desemprego. Os analistas da CNC entendem que, embora tenham sido abertos apenas 525 mil postos de trabalho formal em 12 meses, até junho, já houve impacto favorável no ânimo das famílias, inclusive daquelas com renda inferior a 10 salários mínimos mensais.
Também houve melhora nos itens compra a prazo, nível de consumo atual, perspectiva de consumo e momento para duráveis, mas a partir de níveis muito baixos. É sinal de que a recuperação é incerta e, se ocorrer, tende a ser mais lenta do que seria desejável.
Em termos geográficos, os indicadores são muito melhores na Região Sul, com destaque positivo para Florianópolis. Também houve melhora no Sudeste, mas, enquanto São Paulo registrou ICF de 91,5 pontos, em Belo Horizonte o índice foi de 83,7 pontos; no Rio foi de 79,3 pontos; e em Vitória, de apenas 55,8 pontos.
O que permite manter os níveis de consumo em 2019 é a inflação em patamar reduzido, que faz com que os pequenos aumentos reais de salários constatados nos acordos coletivos registrados no Ministério da Economia assegurem uma melhora do padrão de vida dos que mantêm o emprego. Juros menores no crédito ao consumidor poderiam ajudar o varejo. (O Estado de S. Paulo)