Jornal do Comércio-RS
Os investimentos de diferentes indústrias de máquinas agrícolas que estão ampliando suas unidades fabris no Rio Grande do Sul estão movimentando as economias de ao menos cinco cidades gaúchas. Em Santa Rosa, por exemplo, a AGCO já deu início a produção de sua nova marca, a Fendt, lançada no Brasil em abril deste ano. A cidade do Noroeste do Estado também comemorou o recente anúncio da ampliação da unidade local da fabricante gaúcha Stara, um investimento de R$ 35 milhões. O mesmo valor será aplicado pela empresa em sua sede, em Não-Me-Toque. Já Horizontina verá em breve a expansão da John Deere, que também fará investimentos em sua unidade de tratores em Montenegro.
De acordo com José Galli, diretor da Fendt para América do Sul, a marca de origem alemã tem planos ambiciosos para o Brasil. A meta é atender o aumento de demanda projetada para 2020 com as novas linhas de plantadeiras e colheitadeiras, que já estão sendo fabricadas no Estado.
A multinacional investiu R$ 150 milhões para trazer a marca ao País, o que inclui a criação da Divisão Fendt em Sorriso (MT), a ser inaugurada em setembro. No Rio Grande do Sul, começaram a ser desenvolvidas as linhas de produção das colheitadeiras Fendt Ideal, em Santa Rosa, e da plantadeira dobrável Fendt Momentum, em Ibirubá. “Seguimos otimistas com o desempenho de setor de máquinas agrícolas no Brasil neste ano. O país conhecido como celeiro do mundo e um dos mercados com maior potencial para atender à crescente demanda global por alimento”, explica Galli.
No caso da John Deere, as ampliações das unidades de Horizontina e Montenegro também já estão em andamento e se destinam a melhorias viárias e logísticas e de eficiência operacional. De acordo com a multinacional, em setembro, em Horizontina, por meio de investimentos da Fundação John Deere e parceiros, como a Faculdade de Horizontina (FAHOR) e a SLC, será lançada a pedra fundamental do Memorial da Evolução Agrícola, que contará a história de transformação do arado de aço aos equipamentos conectados dos dias de hoje. O espaço será no terreno onde funcionaram as primeiras instalações da John Deere na cidade.
Já a Stara, que já conta com 2,5 mil colaboradores, investirá R$ 35 milhões em uma nova planta fabril em Santa Rosa, com 15 mil m², dentro de uma área total de 17 hectares, gerando 150 empregos diretos. “A unidade de Santa Rosa, com 8 mil metros quadros, estava muito pequena e já não nos permitia mais crescer. E pela proximidade com a fronteira, facilita as exportações, que hoje já são feitas para 35 países da América Latina, Leste Europeu e África”, explica o diretor-presidente da fabricante gaúcha, Gilson Trennepohl.
Outros R$ 35 milhões serão destinados a inovações na matriz, em Não-Me-Toque, para dar mais velocidade de produção e modernidade, com novos equipamentos importados da Alemanha. De acordo com Trennepohl, após a concretização dos investimentos, a meta é elevar R$ 1,1 bilhão o faturamento anual para cerca de R$ 1,6 bilhão.
“O Brasil para ser ainda mais competitivo mundialmente precisa de máquinas mais modernas. Mesmo tendo ficando com o maior estoque da história com a falta de crédito no início do ano, agora as vendas começam a deslanchar e devemos fechar o ano com alta de cerca de 10% nas vendas”, comemora o empresário.
Municípios esperam benefícios econômicos e aplicam recursos em infraestrutura de apoio
Os investimentos das fabricantes de máquinas geram expectativas otimistas na atividade econômica das cidades beneficiadas. Em Santa Rosa, por exemplo, a AGCO é a principal indústria do polo metalmecânico local, empregando diretamente cerca de 400 pessoas e estimulando os negócios de outras 20 fornecedoras de médio e grande porte na cidade, explica Ademir Lopes de Souza, fiscal tributário da prefeitura.
“O polo metalmecânico que gira no entorno da AGCO trouxe R$ 270 milhões à receita municipal”, aponta Souza. A expectativa da prefeitura é que as contratações locais serão ampliadas. Santa Rosa já prevê a ampliação de seu polo metalmecânico e se prepara para isso. Recentemente, a prefeitura adquiriu uma área de cinco hectares, ao lado do atual Distrito Industrial, para novas empresas interessadas. No mês passado, o Senai sinalizou ao município um investimento de R$ 10 milhões na reestruturação de sua unidade local, com destaque ao foco no curso de mecatrônica.
Em Horizontina, a mobilização da prefeitura é para concretizar um acesso asfáltico entre a RS 305 e a RS 342, por meio de uma parceria público-privada, para retirar do centro da cidade o tráfego de máquinas pesadas, peças e matérias-primas que precisam chegar até a fábrica da John Deere.
Hoje, de acordo com o vice-prefeito, Jones da Cunha, o tráfego dentro da cidade em direção a fábrica chega a uma média de 200 veículos por dia, e deve aumentar. O investimento na ligação das duas rodovias é estimado em cerca de R$ 30 milhões.
“Além de ser um problema de segurança, é um peso ao qual a estrutura urbana não suporta. Acreditamos que, em breve, teremos aprovado a autorização para construir os 7,9 quilômetros necessários para desviar o tráfego para fora da cidade”, espera Cunha. (Jornal do Comércio-RS/Thiago Copetti)