Globo Rural
Honrando a tradição das centenárias feiras agropecuárias gaúchas, foi aberta neste sábado (24), a 42ª Expointer, no Parque Assis Brasil, em Esteio, na região metropolitana de Porto Alegre. Nesta edição, quase 4.000 animais participam das exposições, das competições e dos julgamentos de raças.
Até 1º de setembro, além de bovinos de várias raças de corte e leite, cavalos, ovinos, coelhos, pássaros ornamentais e chinchilas, o público poderá conferir mais de 400 atrações, incluindo o lançamento de máquinas e equipamentos agrícolas, produtos da agricultura familiar, shows tradicionais, espaço gastronômico, palestras, debates e oficinas voltadas ao agronegócio.
A expectativa dos organizadores é superar o público da edição anterior, que passou de 370 mil pessoas e empatar com o volume de negócios de 2018, que ficou em R$ 2,3 bilhões. O recorde da feira foi estabelecido em 2014, com R$ 2,71 bilhões.
“Se equiparar com o ano passado já vai estar de bom tamanho porque a economia do país ainda não deslanchou”, diz Gedeão Silveira Pereira, presidente da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), uma das três entidades privadas que organiza a feira em parceria com o governo estadual gaúcho.
Gedeão conta que o evento nunca perdeu seu DNA de exposição de animais, mas agregou ao longo dos anos o setor de máquinas agrícolas, pavilhões de agricultura familiar e de inovações e se tornou também espaço para discussão dos rumos do agronegócio brasileiro.
Na próxima quinta-feira (29), data da abertura oficial da Expointer e dia em que se encerra o julgamento dos animais, é esperada a presença da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, e de deputados federais da Frente Parlamentar da Agricultura, que vão ouvir reivindicações dos produtores de arroz do Estado.
Acuado pela repercussão internacional das queimadas na Amazônia, Jair Bolsonaro ainda não confirmou presença na feira que, tradicionalmente, recebe os presidentes da República.
Carne gourmet
Criador de bovinos e agricultor de soja e arroz na região de Bagé, o presidente da Farsul diz que o gado de corte gaúcho, formado por raças britânicas como angus, hereford e braford, tem elevado sua participação no abastecimento do mercado gourmet de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, mas não tem condições de suprir toda a demanda por carne de mais qualidade porque o Estado não há confinamentos.
“O problema é que o Rio Grande do Sul, berço da pecuária nacional, não é autossuficiente em milho, base da ração animal. Mesmo para alimentar nossas cadeias de suínos e aviários é preciso trazer milho de outros Estados e até do Paraguai”.
O rebanho também tem perdido espaço para a soja no Estado. “Eu e muitos criadores fazemos a integração lavoura pecuária, mas a soja avança cada vez mais nas áreas de pastagens, já que um hectare do grão rende de R$ 700 a R$ 800 e a pecuária não passa de R$ 150 por hectare”. (Globo Rural/Eliane Silva)