O Estado de S. Paulo
O Brasil tem uma baixíssima taxa de investimento, inferior a 16% do Produto Interno Bruto (PIB) no ano passado e que, segundo economistas, está crescendo muito lentamente neste ano. É o que confirma a evolução, nos últimos quatro meses, do Indicador Ipea Mensal de Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF). Cabe reconhecer que num período de baixa atividade econômica os dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) permitem algum alento, mas a recuperação teria de ser muito mais expressiva para que a taxa se aproximasse da marca de 20,9% do PIB registrada em 2013, antes da recessão de 2015/2016.
A formação de capital é medida pelo comportamento dos investimentos em máquinas e equipamentos, em construção civil e em outros ativos fixos. Entre maio e junho, segundo dados dessazonalizados pelo Ipea, o investimento em máquinas e equipamentos avançou 0,5%, o que se deveu às importações, que cresceram 1,2%, pois a produção nacional de máquinas e equipamentos caiu 0,8%. O setor de construção civil avançou 0,8% e os outros ativos fixos mostraram queda de 0,3%.
Números melhores são observados nas comparações entre períodos mais longos. No acumulado de 12 meses, por exemplo, a taxa de investimento cresceu 4,3%, decorrente, em especial, da alta de 10,5% do item máquinas e equipamentos, mas a produção nacional avançou apenas 3,1%, enquanto a importação cresceu 29,3%.
A comparação entre os primeiros trimestres de 2018 e de 2019 é mais favorável: o crescimento do investimento foi de 5,3%, o que parece indicar uma aceleração em relação aos dados dos últimos 12 meses.
O pior comportamento foi observado na construção civil, que tem grande importância na formação de emprego e que demanda bens e serviços diversificados. O crescimento dos investimentos no setor foi de 0,6% entre o primeiro e o segundo trimestres de 2019 e atingiu 2,8% na comparação entre os segundos trimestres de 2018 e de 2019. No acumulado de 12 meses, porém, é o único segmento que ainda está no campo negativo (-1,2%).
A taxa média global de investimento, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), é superior a 26% do PIB, ou seja, supera em cerca de 10 pontos porcentuais a taxa brasileira. A retomada da economia dependerá de investimentos muito maiores nos próximos anos. (O Estado de S. Paulo)