O Estado de S. Paulo
A petroleira registrou lucro de R$ 18,9 bilhões no segundo trimestre, o maior da história da empresa para o período. O resultado foi marcado por fatores como alta do petróleo, taxa de câmbio e venda da subsidiária TAG.
Com a venda da TAG, rede de gasodutos que interliga as Regiões Sudeste e Nordeste do País, a Petrobrás registrou lucro de R$ 18,9 bilhões no segundo trimestre, o maior da história da empresa para o período. O resultado foi marcado por fatores que podem não se repetir nos próximos meses, como a alta do petróleo e a taxa de câmbio favorável à empresa. No documento de divulgação do balanço, a petroleira anunciou também que poderá sair completamente da BR Distribuidora, com nova oferta de ações.
Se não fossem os ganhos que não devem acontecer de novo, o lucro teria sido de R$ 5,2 bilhões, abaixo da expectativa do mercado, que contava com um resultado positivo de R$ 7,7 bilhões, segundo projeções do Estadão/Broadcast levantadas com analistas de mercado. O desempenho da estatal sem esses eventos veio abaixo também do lucro registrado em igual período do ano passado, de R$ 10 bilhões. Ainda assim, a leitura de especialistas é que o resultado foi positivo.
“A empresa já começou o ano com lucro, o que é bom”, afirmou Helder Queiroz, ex-diretor da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e professor da UFRJ. “Falta muita coisa no processo de recuperação, mas a empresa já está numa trajetória de lucros líquidos contábeis, revertendo períodos de prejuízos trimestrais e anuais.”
Já Pedro Galdi, analista da Mirae Asset Wealth Management, disse que “o lucro ficou um pouco abaixo da nossa expectativa de R$ 20 bilhões para o trimestre, mas os investidores vão gostar dos números e deverão refletir positivamente sobre o preço da ação por essa informação”.
Retomada
Na carta de apresentação do balanço no segundo trimestre, a estatal classificou o resultado como “bom desempenho financeiro”. “Estamos muito confiantes de que a implementação criteriosa de nossa agenda possui capacidade para eliminar no futuro a diferença do desempenho que nos separa das melhores companhias globais de petróleo e criar substancial valor para nossos acionistas”, escreveu a companhia. O documento, pela primeira vez, trouxe uma fotografia do caixa e da operação no trimestre atrelado a metas para o futuro.
Por conta do alto endividamento, de US$ 83,7 bilhões, a empresa continuará vendendo ativos. A perspectiva é de redução da dívida no terceiro trimestre. A Petrobrás sinalizou também que vai investir menos. O orçamento de US$ 16 bilhões foi revisto para um intervalo de US$ 10 bilhões a US$ 11 bilhões. Esses valores, no entanto, não incluem os gastos que a petroleira deve ter com a compra de áreas nos leilões deste ano.
No trimestre, os investimentos somaram US$ 2,6 bilhões, queda de 17,6% na comparação com igual período do ano anterior. Segundo a empresa, os recursos foram concentrados sobretudo no desenvolvimento de novos campos de petróleo no polo pré-sal da Bacia de Santos e na manutenção da produção nos campos maduros. Na comparação anual, entretanto, os investimentos recuaram 21,6% no setor.
Enquanto isso, a área de refino teve crescimento bastante significativo nos investimentos. O aporte subiu 22,5% no ano e 33,9% na comparação trimestral, para US$ 316 milhões.
As vendas somaram US$ 15 bilhões até o fim de julho, com destaque para TAG, BR Distribuidora e campos maduros de petróleo. A empresa anunciou a perspectiva de se desfazer da totalidade das ações da distribuidora de combustíveis.
“Ficamos ainda com 37,5% do capital da BR, que no futuro temos a intenção de vender parcial ou totalmente. Enquanto isso, vamos nos beneficiar como acionistas do enorme potencial de criação de valor da BR com a flexibilidade que possui uma empresa privada”, informou. (O Estado de S. Paulo/Fernanda Nunes e Denise Luna)