Jornal do Carro
Não fosse a Segunda Guerra Mundial e a ocupação alemã na França, o Citroën 2 CV teria mais do que os 70 anos que serão comemorados este ano. O modelo foi lançado em 1948, portanto três anos após o fim do conflito mundial. Mas, antes de nascer oficialmente, o 2 CV sofreu ao menos um aborto.
Em 1936, ano em que Charles Chaplin lançava o filme “Tempos Modernos”, a Citroën desenvolveu um projeto do que viria a ser o 2 CV. O objetivo era fazer um veículo popular, de baixa cilindrada, uma espécie de ferramenta de trabalho que poderia servir tanto aos trabalhadores rurais como aos operários urbanos.
Seria o equivalente francês ao Modelo T, que a Ford fazia nos EUA desde o início do século, ou o sedã que a Volkswagen desenvolvia na Alemanha.
Inicialmente, a intenção era apresentá-lo no Salão do automóvel de 1939. Dizia-se na época que o carro seria uma espécie de “quatro rodas sob um guarda-chuva, um veículo seguro, capaz de transportar quatro pessoas e 50 kg de batatas com o máximo de conforto, a 60 km/h”.
O projeto recebeu o nome provisório de TPV, iniciais de “très petite voiture”, ou veículo muito pequeno.
Porém, para evitar que o projeto caísse nas mãos dos invasores alemães, a empresa destruiu praticamente todos os 250 protótipos produzidos. O que não foi destruído foi desmontado e escondido em diversos lugares, para não ser descoberto. O lançamento foi cancelado, e o salão daquele ano não foi realizado.
Estreia em Paris. O modelo só seria oficialmente apresentado no Salão de Paris de 1948, com um motor bicilíndrico de 375 cm3 e 9 cavalos, refrigerado a ar.
Inicialmente, o estilo foi considerado polêmico, mas a economia, simpatia e praticidade acabaram prevalecendo e conquistando o público. Embora a potência fosse contida, o 2 CV era leve (560 kg).
A nomenclatura, iniciais de “deux chevaux”, que significa dois cavalos, se referia à potência fiscal do veículo, usada para incidência de imposto.
Em 1954, o 2 CV recebeu motor de 425 cm3 de 12 cavalos, que elevou a velocidade máxima a 80 km/h.
O sucesso fez a Citroën expandir a produção da versão furgão em 1957 para o Camboja, e no ano seguinte para a Espanha.
Ainda em 1958, a montadora apresentou a versão Sahara, com dois motores de 425 cm3, 24 cv e tração nas quatro rodas. O 2 CV 4×4 era capaz de alcançar 100 km/h, mas sua produção só começaria dois anos mais tarde, em 1960. Fabricado até 1966, o modelo teve 694 unidades produzidas.
Em 1964, o 2 CV começou a ser produzido em Portugal. E, em 1971, chegou à América do Sul, com acordos de montagem no Paraguai, Uruguai e Equador. A última fábrica a produzir o 2 CV, a de Portugal, interrompeu a montagem no dia 27 de julho de 1990. De 1948 a 1990, foram produzidas 5.114.940 unidades do 2 CV, dos quais 1.246.335 furgões. (Jornal do Carro)