O Dia
Um fato que acaba de acontecer: um sul-africano chamado Elon Musk, 46 anos e 24 bilhões de dólares de patrimônio, acaba de lançar um foguete de sua companhia, a Space X, que colocou em órbita, com seu foguete Falcon Heavy, um carro elétrico Tesla Roadster, de sua fabricação. Não é à toa que os fabricantes de automóveis tradicionais estão apavorados, sendo que o valor das ações da montadora de Musk já igualou o da General Motors (Chevrolet), com produção muitas vezes maior que a de sua empresa. Imagine um diretor de marketing da Toyota, Honda, Ford, fazendo uma reunião com sua agência de publicidade e promoção, dizendo: “Vamos criar uma campanha para superar o Tesla, que colocou um carro deles rumo a Marte?”.
Musk acredita que é possível fazer as coisas mais inverossímeis e faz. “Um carro vermelho no Planeta Vermelho”, declarou, referindo-se ao fato de que seu Tesla entrará em órbita de Marte, e ali ficará por milhares de anos. Uma viagem que deve demorar seis meses.
Agora, os Estados Unidos dependem da iniciativa privada para colocar objetos em órbita. O foguete de Musk pode levar até 63 toneladas de carga espacial. É a nave espacial mais potente já lançada nos Estados Unidos desde o foguete Saturn 5, da Nasa, que colocou astronautas na Lua. Gozador, mandou colocar uma placa dizendo “Feito na Terra por humanos”, enquanto no painel do carro em órbita colou um aviso “Não entre em pânico!”, no caso de alguém que esteja por aqueles lados tome um susto enorme com a aparição de um manequim de astronauta-piloto, chamado Starman – em homenagem à música de David Bowie -, com capacete de Fórmula 1, sentado no comando do bólido.
O melhor de tudo é que os três foguetes propulsores desenvolveram uma tecnologia para retornar à base, e pousar na vertical, o que aconteceu como planejado com dois deles, sendo que um caiu no mar. Em comparação com a Nasa, trata-se de um projeto muito mais barato, e reutilizável, enquanto foguetes americanos, russos (e norte-coreanos) são perdidos no mar, sem possibilidade de recuperação. Se você quiser colocar algo em órbita, reserve 90 milhões de dólares de seu orçamento, uma pechincha, perto dos custos da Nasa.
Para manter o sangue-frio depois dessa empreitada, Musk não pode prestar muita atenção no prejuízo de sua empresa no quarto trimestre de 2017: 675 milhões de dólares. (O Dia/Roberto Muylaert)