Indústria se recupera e cresce 2,5% após três anos de recessão

O Estado de S. Paulo

 

A indústria brasileira surpreendeu na reta final de 2017. O crescimento de 2,8% na produção registrado na passagem de novembro para dezembro, o melhor desempenho desde junho de 2013, veio no topo das expectativas mais otimistas do mercado financeiro.

 

Quase todos os segmentos registraram avanços, segundo os dados da Pesquisa Industrial Mensal divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No ano, a alta alcançou 2,5%, impulsionada pelas exportações, por uma conjuntura econômica mais favorável e por estímulos ao consumo.

 

A expectativa é que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro de 2017 reflita discretamente o princípio de recuperação da indústria, mas que em 2018 o setor contribua mais para a reação da atividade econômica.

 

Ao longo de 2017, a indústria recuou apenas duas vezes: em março e agosto. Os dez meses restantes foram de expansão. “Claro que todos esses sinais recentes da indústria têm reflexo positivo no PIB”, declarou André Macedo, gerente da Coordenação de Indústria do IBGE.

 

O pesquisador do IBGE pondera, porém, que as perdas acumuladas nos três anos de retração da produção (-16,7%, de 2014 a 2016) ainda não foram recuperadas. Para retornar ao ápice de 2013, é necessária uma melhora mais contundente do mercado de trabalho”, avalia Macedo. “Apesar da melhora na conjuntura econômica, ainda há espaço a ser percorrido pelo mercado de trabalho.”

 

Otimismo

 

Em 2017, o avanço da confiança empresarial ajudou a impulsionar a fabricação de bens de capital, enquanto o aumento na ocupação, a inflação mais baixa e a queda na taxa de juros incentivaram a produção de bens de consumo duráveis. O aumento nas exportações, no entanto, também teve impacto relevante sobre o bom desempenho de diversos segmentos industriais, como veículos, metalurgia, papel e celulose, extração de minério de ferro e setor de alimentos.

 

“O processo de recuperação foi ganhando consistência ao longo do ano, o problema é que a magnitude do crescimento de 2017 ficou concentrada em três setores: veículos, extrativo e eletroeletrônicos”, explicou Rafael Cagnin, economista-chefe do Iedi.

 

A fabricação de bens de capital ficou estável na passagem de novembro para dezembro, mas cresceu 6,0% no ano. (O Estado de S. Paulo/Daniela Amorim e Maria Regina Silva)