Ainda existe “muita gente contra” carro elétrico, diz presidente da Nissan

Auto Esporte

 

A Nissan se prepara para lançar no Brasil o carro elétrico mais vendido do mundo, o Leaf. A data ainda é um mistério, mas a marca sabe que tem um desafio grande pela frente. “Ainda tem muita gente contra a questão da eletrificação, por vários motivos. Ou com dúvida”, diz Marco Silva, presidente da montadora no país.

 

Em entrevista ao G1, na série com presidentes de montadoras, o executivo falou também em “eletrificar” o Kicks, SUV compacto que é o atual campeão de vendas da marca no Brasil.

 

Mas não há pressa. Silva afirmou que a marca quer encontrar “o momento certo” para lançar os elétricos no país. Mesmo que isso signifique não ser a pioneira entre as grandes.

 

Silva disse que 2018 será “o ano da consolidação” da Nissan. Segundo ele, a montadora está buscando um SUV maior que o Kicks, deverá chegar à capacidade máxima para os 2 turnos atuais na fábrica de Resende (RJ) e já avalia se abrirá um terceiro.

 

Veja mais trechos da entrevista abaixo:

 

Segurança

 

Perguntado sobre por que o Kicks será lançado nos Estados Unidos com mais equipamentos de segurança do que no Brasil, o presidente da Nissan disse que há relação com custo, mas também com o “o que o consumidor quer no carro”.

 

Ele também criticou o fato de que o Brasil ainda não produz muitos desses equipamentos.

 

“Ou, se tem um, é para um fornecedor que já está fechado com uma marca”, completou. “Então, você tem que ampliar a sua rede de fornecedores para esses fornecedores também oferecerem alguma coisa que seja competitiva para o padrão brasileiro.”

 

Preço do carro

 

Silva também respondeu a perguntas de internautas sobre o preço do carro no Brasil. Uma delas questionava por que um veículo feito aqui pode chegar a outros mercados com um preço mais baixo.

 

Silva afirmou que, quando vai competir com outros países pela exportação, a indústria brasileira esbarra em questões como volume baixo de produção – a chamada “escala”.

 

“E a competitividade começa com custo, mas não é por si só. Vem também com preço. Isso faz com que a indústria tenha que absorver algumas perdas, de vez em quando, por conta dessa falta de competitividade.”

 

Próximos passos

 

Em 2018, a Nissan deverá ter de 120 a 130 mil carros produzidos na fábrica de Resende, chegando à capacidade máxima para os 2 turnos atuais. Ao todo, a instalação tem condições de produzir 200 mil unidades por ano.

 

Silva diz que vai “ver se se existe essa necessidade de se colocar um terceiro turno esse ano (ou no) o ano que vem.” A ideia é aumentar as exportações do Kicks na América Latina.

 

Além de consolidar a produção nacional, a Nissan irá completar a linha “com o que tem aí fora”, disse. Além da já lançada Frontier, a principal aposta é em um SUV maior do que o Kicks.

 

Jose Luis Valls, chefe da Nissan para a América Latina disse ao G1, durante o Salão de Detroit, que o escolhido é o X-Trail, que será lançado na Argentina no mês que vem.

 

Por outro lado, no segmento dos hatchs, a Nissan não deverá ter novidades tão cedo.

 

Silva se refere à nova geração do modelo. “(Tem) vários competidores trabalhando nesse mercado (dos hatches)”, pondera. “Vamos colocar um produto nesse segmento, quando pusermos, para ser vencedor também, como o Kicks foi.”

 

Fim da crise para o setor

 

A previsão da Nissan é que a indústria brasileira feche o ano com 2,4 milhões de veículos emplacados, cerca de 7% de alta sobre 2017.

 

Silva entende que o crescimento foi retomado, mas em ritmo mais saudável do que no auge, no começo da década.

 

“A gente sabe o que fundamento daquela indústria, naquele momento, se dava em bases não tão sólidas assim”, completou.

 

Futuro do carro

 

Além de falar sobre o Leaf, um elétrico tradicional (carregado na tomada), Silva respondeu sobre o sistema ePower, em que o combustível é transformado em energia elétrica para recarregar a bateria. A montadora fez testes no Brasil com esse sistema usando etanol, em 2017.

 

“Trouxeram resultados positivos”, comenta o executivo. “Ela vai ter que passar ainda por uma série de outras avaliações, desenvolvimento, para ver se é factível ou não é colocar no produto aqui no Brasil”. (Auto Esporte/Luciana de Oliveira e André Paixão)