O Estado de S. Paulo
Após aumento de 5% nas vendas do ano passado, abaixo da alta de 9,4% verificada em todo o mercado de automóveis e comerciais leves em relação a 2016, a Toyota do Brasil vai ampliar sua produção. A empresa alega que seu desempenho foi prejudicado em parte pela falta de condições de atender à demanda, pois as fábricas operaram no limite da capacidade.
A solução será introduzir o terceiro turno de trabalho inicialmente em duas fábricas, a de automóveis em Sorocaba, que produz o compacto Etios, e a de motores em Porto Feliz, ambas em São Paulo. Será a primeira vez em 60 anos de Brasil que a fabricante japonesa recorrerá a esse tipo de expediente.
A medida será adotada no segundo semestre, após o início da produção, em junho, do Yaris, sedã que disputará mercado com Volkswagen Virtus, lançado esta semana, Fiat Cronos, que chegará ao mercado em fevereiro, além do Chevrolet Cobalt e do Honda City, entre outros.
“O aumento da produção e o número de trabalhadores a serem contratos serão definidos de acordo com o comportamento do mercado nos próximos meses”, diz o presidente da Toyota do Brasil, Rafael Chang.
Para o executivo peruano, a recuperação da economia “está indo mais rápido do que esperávamos”. Como o reforço da produção ocorrerá na segunda metade do ano, ele prevê novo aumento de apenas 5% ante os 190,6 mil carros da marca vendidos em 2017, enquanto para o mercado total projeta alta de 11%, para 2,5 milhões de veículos.
A fábrica de Sorocaba emprega 2 mil pessoas e tem capacidade para produzir 108 mil carros ao ano, em dois turnos, e opera atualmente com horas extras. No ano passado foram vendidos no mercado interno 73,3 mil Etios, 8% a mais que em 2016 e também houve incremento de exportações, diz Chang.
A marca já exportava para o Mercosul e iniciou vendas do Etios para Peru, Costa Rica e Honduras. Em breve venderá o Corolla para Colômbia e Chile. O sedã é produzido em Indaiatuba (SP), que também tem 2 mil funcionários. Motores são feitos em Porto Feliz.
Ao todo, o grupo emprega 6 mil pessoas, incluindo a unidade do ABC paulista, que abriga sede administrativa, centro de desenvolvimento e produz peças. “Em nenhum momento na crise demitimos ou usamos expedientes como lay-off (suspensão de contratos)”, diz Chang.
Híbridos. Em evento realizado pela Toyota na noite de terça-feira, o ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Jorge, confirmou que o governo publicará, em breve, medida que reduz para 7% o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para carros elétricos e híbridos, mesma alíquota cobrada de modelos “populares”.
Hoje, o Toyota Prius, o híbrido mais vendido no País, com 2,4 mil unidades em 2017, recolhe 13% de IPI. Carros elétricos pagam 25%, porcentual máximo do imposto. Com a redução, calcula-se que o Prius, vendido a R$ 126 mil, terá o preço reduzido para menos de R$ 100 mil.
O presidente da Toyota para América Latina e Caribe, Steve St. Angelo, afirma que a tecnologia híbrida – que permite rodar com eletricidade gerada por outro combustível – será a base para novas tecnologias no País, como os modelos 100% elétricos.
Para o Brasil, ele defende o etanol para gerar a energia do híbrido. “Estamos prontos para testar esse novo veículo com tecnologia desenvolvida no Brasil”, diz. Em março, a Toyota promoverá uma viagem de São Paulo a Brasília com o Prius usando etanol em vez de gasolina.
Marca tenta ‘salvar’ fábrica na Venezuela
Na tentativa de “salvar” a fábrica da Venezuela, que já produziu mais de 4 mil veículos por mês e hoje consegue tirar no máximo 100 unidades de Corolla e Hilux da linha de montagem inaugurada há 36 anos, a Toyota decidiu que Rafael Chang, presidente da empresa no Brasil, também vai chefiar a operação venezuelana.
A fábrica mantém cerca de 1 mil funcionários, apesar do baixo uso da capacidade. A intenção de Chang, que presidiu a filial por dois anos antes de assumir o cargo atual, há um ano, é ampliar as exportações de peças para o mercado de reposição. Um dos clientes pode ser o mercado brasileiro.
A fábrica da Venezuela produz a versão antiga da picape Hilux, por isso peças como para-choques poderiam ser exportadas para o Brasil, explica Chang, que aceitou o desafio de acumular as duas presidências após outros executivos terem recusado o cargo no país que passa por severa crise política, econômica e social. A empresa já exporta para a Argentina.
“Estamos vendendo carros basicamente para empresas, que conseguem nos pagar com dólares que usamos para comprar peças”, explica Chang.
A Ford e a Fiat-Chrysler também estão com linhas quase paralisadas. A General Motors deixou o país após ter a fábrica confiscada pelo governo no ano passado. Em 2007, a Venezuela produziu 318 mil veículos. Em 2017, foram cerca de 2 mil unidades.(OEstado de S. Paulo/Cleide Silva)