Crédito e renda devem impulsionar a expansão da venda de motos em 2018

DCI

 

A recuperação gradual da oferta de crédito e a perspectiva de melhora da renda do brasileiro devem fazer com que as vendas de motocicletas em 2018 sejam positivas pela primeira vez em seis anos.

 

Na avaliação do presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo), Marcos Fermanian, a “timidez” que o setor financeiro tinha na concessão de crédito está ficando para trás, de modo que a venda financiada de motos está crescendo. “O nível de aprovação de financiamento não mudou, mas vemos mais ‘vontade’ por parte dos bancos. Este não é um dado aberto, mas a mudança foi sentida no setor.”

 

Para 2018, a Abraciclo projeta que as vendas no varejo alcancem 865 mil unidades, contra 847 mil que devem ser comercializadas neste ano, o que representa um avanço de 2,1%. Sobre 2016, o setor estima um recuo de 5,9% dos emplacamentos de motos.

 

No atacado, o volume de motocicletas vendidas deve somar 813 mil unidades em 2017, contra 858 mil no ano passado. Para 2018, a entidade espera que as vendas às concessionárias alcancem 850 mil motos.

 

Fermanian explica que a projeção mais modesta do que de outros setores da indústria, como quatro rodas, reflete particularidades do consumidor médio de motocicletas. “A realidade do nosso segmento é distinta do setor automotivo. Nosso maior público-alvo, que são os consumidores das classes C, D e E, está mais exposto a problemas como o desemprego. A renda dessas pessoas está tomada por serviços básicos, então há menos possibilidade de poupar ou comprometer recursos com uma compra à prazo”, destaca o dirigente.

 

De acordo com o analista automotivo da Tendências Consultoria, João Morais, se fosse apenas pelo canal de crédito, o setor de motos já deveria estar mais aquecido, mas o descompasso entre a retomada da economia e o avanço do emprego se torna um obstáculo ao crescimento. “A melhora dos fundamentos macroeconômicos tem sido menos percebida nas classes mais baixas”, aponta o especialista.

 

Outro ponto que impacta o setor é a distribuição regional. Morais lembra que é no Nordeste que está concentrada a maior parte dos consumidores de motos no País, o que pesou nos números deste ano, visto que a região tem se recuperado de forma mais lenta do que o restante do Brasil. Segundo dados da Abraciclo, o Nordeste reportou queda de 11,1% nas vendas no ano.

 

A produção, contudo, já apresenta avanço em 2017. A projeção é que serão produzidas 890 mil unidades neste ano, contra 887,7 mil em 2016, alta de 0,3%. Espera-se que em 2018 sejam fabricadas 935 mil unidades, o que representaria um aumento de 5,1% em relação ao crescimento esperado para o fechamento deste ano.

 

Destaque também para as exportações, que devem chegar a 83 mil unidades neste ano, alta de 40,6% sobre 2016.

 

De acordo com Marcos Fermanian, em 2018 o segmento que mais deve crescer é o de scooters, motos menores com um baixo consumo de combustível. Neste ano, o mercado brasileiro reportou recorde histórico das vendas desse tipo de veículo, alcançando 53,2 mil unidades comercializadas até novembro.

 

Conforme a Abraciclo, o último recorde da categoria foi em 2014, quando foram vendidas 42,4 mil scooters.

 

Bicicletas

 

Em novembro, foram produzidas 77,2 mil bicicletas no Polo Industrial de Manaus (PIM), um avanço de 2,9% sobre as 68,8 mil unidades registradas no mesmo período do ano anterior. A expectativa é que o ano se encerre com a produção de 675 mil bicicletas. Já para 2018, a projeção é 735,8 mil unidades produzidas, alta de 9% sobre este ano.

 

O vice-presidente do segmento de bicicletas da Abraciclo, João Ludgero, projeta que o investimento no setor nos próximos três anos deve alcançar R$ 68 milhões. (DCI)