E-commerce deve impulsionar vendas de caminhões leves

DCI

 

As montadoras estão apostando na expansão do e-commerce para levar as vendas de caminhões leves a um novo patamar. De acordo com as empresas, este segmento será um dos mais disputados do mercado brasileiro.

 

“Os caminhões leves conquistarão o mercado”, afirma o vice-presidente de vendas da MAN Latin America (fabricante Volkswagen), Ricardo Alouche. Na opinião do executivo, todas as marcas devem se voltar para o segmento. “O e-commerce é uma tendência sem volta no Brasil”, acrescenta.

 

As montadoras estimam que os caminhões leves representam cerca de 30% das vendas no País. Na conta das empresas, estão modelos de 3,5 toneladas – que não exigem habilitação diferenciada – até 13 toneladas.

 

A Iveco, por exemplo, afirma ter hoje aproximadamente 50% de participação no chamado “segmento urbano”, de 3,5 a 15,9 toneladas. E agora a marca está lançando o novo Daily City, que terá como grande foco o e-commerce. “Vamos manter esforços neste segmento diante da expansão do comércio eletrônico e, consequentemente, das entregas em grandes centros urbanos, que possuem restrições a veículos mais pesados”, explica o diretor de marketing da Iveco para América Latina, Ricardo Barion.

 

Recentemente, a MAN também anunciou a sua entrada no segmento de 3,5 toneladas. A nova família Delivery, produzida em Resende (RJ), conta com modelos de até 13 toneladas, voltados principalmente para entregas em grandes centros urbanos. O diferencial, segundo Alouche, é que os modelos de 3,5 toneladas e de 4 toneladas poderão sair de fábrica já com o implemento rodoviário, podendo ser carroceria de carga seca ou baú.

 

“Fechamos parcerias com a Facchini e com a Randon para fazer esse trabalho, mas os implementos sairão de fábrica com selo Volkswagen”, explica o executivo. “Tendo sucesso, vamos expandir para outras categorias”, acrescenta.

 

No ato da compra de um caminhão, o cliente precisa faturar o cavalo mecânico e o implemento – fabricado por empresas especializadas-, o que demanda, em alguns casos, obtenção de financiamento para cada item. “Entregar o caminhão implementado para o cliente facilita muito, porque a burocracia pode ser grande”, complementa Alouche.

 

A Mercedes-Benz informa que o segmento de leves representa aproximadamente 30% das vendas da montadora no Brasil. De acordo com o presidente da empresa, Philipp Schiemer, um dos focos da marca será exatamente essa categoria.

 

“O negócio de entregas nos grandes centros urbanos vai crescer muito”, avalia. Ele acrescenta que todos os segmentos devem ficar ainda mais disputados com a retomada do mercado. “Em leves, sempre tivemos uma participação importante”, relata.

 

O diretor da Iveco afirma não ter receio da concorrência. “Mesmo com novos entrantes neste segmento, vamos trabalhar para manter a liderança, o que atualmente é muito difícil”, assinala Barion. “Temos um produto leve e que agrada ao mercado”, completa o executivo.

 

Extrapesados

 

Outro segmento que deve finalmente despontar é o de extrapesados. No auge do mercado doméstico, em meados de 2011, diversas montadoras investiram altíssimas cifras para desenvolver e produzir, localmente, estes modelos. Isso porque, para obter o financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) – Finame – a linha precisa ter 60% de conteúdo local.

 

No entanto, com a forte crise que assolou a economia brasileira, o segmento ficou represado. “Há 3 anos, os caminhões extrapesados representavam um nicho. Hoje, o segmento é praticamente nosso maior volume de vendas”, explica o presidente da Mercedes.

 

O Actros é o modelo extrapesado da marca e, segundo Schiemer, o agronegócio tem sido um grande mercado consumidor do segmento.

 

“O produtor usa nosso caminhão para transportar a safra pelo País até os portos e, com os volumes recordes deste ano, as vendas estão crescendo.”

 

Schiemer salienta que o Actros já representa cerca de 35% das vendas da companhia no País. “E o potencial é de crescer ainda mais”, complementa. Ele observa que diante da perspectiva de retomada da economia, as montadoras terão muito trabalho para manter market share. “O mercado de extrapesados era nosso ponto mais fraco no passado. Hoje temos convicção de que nosso produto é altamente competitivo”, acredita.

 

O diretor da Iveco revela que a empresa vai começar a produzir um range completo de produtos a partir de 2018, o que deve trazer mais participação de mercado à marca. O portfólio já conta com extrapesados acima de 45 toneladas, os modelos Stralis e Hi-Way. “Nosso ciclo de investimentos atual é destinado para o desenvolvimento de novos produtos, o que vai nos proporcionar mais competitividade”, diz Barion.

 

A fabricante dos caminhões Volkswagen também investiu fortemente para colocar no mercado o TGX, extrapesado de selo MAN, e o VW Constellation 420 cavalos. “Nosso grande foco daqui para frente serão os veículos leves e extrapesados”, assinala Alouche. (DCI/Juliana Estigarríbia)