Fazenda defende imposto sobre combustíveis fósseis

O Estado de S. Paulo 

 

O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Fabio Kanczuk, defende a criação de um imposto sobre emissões para os combustíveis fósseis para dar competitividade aos biocombustíveis. Kanczuk prega que a taxa tenha como destino os cofres públicos, mas as empresas querem para si a receita. A Fazenda diz que não se pronunciará. O setor privado já havia sugerido como medida de estímulo a criação no RenovaBio de Créditos de Descarbonização de Biocombustíveis, títulos negociáveis no mercado. Mas por ora o RenovaBio segue em discussão no governo.

 

A indústria brasileira de açúcar e etanol passa por uma “consolidação silenciosa”, diz o Rabobank à coluna. “Os grupos em melhor situação têm aproveitado a cana já plantada em usinas que fecharam unidades ou reduziram a moagem”, conta Manoel Queiroz, gerente sênior de Relacionamento do banco no Brasil.

 

O crédito é demandado apenas por companhias “sobreviventes” da crise vivida pelo setor, para aumentarem a eficiência e o processamento em unidades próprias. Amostra do Rabobank entre clientes do segmento aponta aumento de moagem de 16% dessas companhias em um período recente, marcado pelo fechamento de quase 80 usinas no País. Para o médio prazo, não existe demanda de crédito por novos projetos. “O cenário é da continuidade da consolidação”, diz Queiroz.

 

O Ministério da Agricultura faz uma autocrítica sobre como apresentou o projeto de reforma da Defesa Agropecuária. Pegou mal o fato de fiscais agropecuários terem sabido por terceiros da proposta que retira poderes da categoria. Agora, o ministério diz que discutirá qualquer mudança que atinja fiscais.

 

Com a seca que afetou a produção de conilon nos últimos dois anos, o Brasil deve exportar 12% menos café solúvel em 2017. A Associação Brasileira de Café Solúvel (Abics) diz à coluna que até setembro os embarques externos foram 12% menores. “O que deixamos de vender dificilmente será revertido. Perdemos mercado para concorrentes como Vietnã, Indonésia e Índia”, disse o diretor de Relações Institucionais da Abics, Aguinaldo José de Lima.

 

Para europeu ver…

 

Comitiva da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) fará um tour pela Europa no fim do mês para mostrar a parlamentares, ONGs e empresas os avanços do acordo firmado em janeiro para tornar mais sustentável a produção brasileira de soja.

 

…e crer

 

Por trás da iniciativa está o fato de a Europa consumir 55% do farelo de soja do Brasil. Bernardo Pires, gerente de Sustentabilidade da Abiove, mostrará o trabalho para criar regiões de origem sustentável, com fazendas que cumprirão quase 200 exigências. O município de Luís Eduardo Magalhães, na Bahia, pode se tornar o primeiro com os requisitos, já em 2018.

 

Com a Selic menor, os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) perdem a atratividade para o investidor. Ainda assim, o interesse de empresas do agronegócio continua e ao menos dez novos CRAs estão sendo gestados, diz fonte do mercado.

 

O investidor vê que a queda da Selic reduz a remuneração de quem investe em CRA. Em geral, se recebe 96% da taxa DI, atrelada à Selic. Para manter a atratividade, empresas podem ter de pagar porcentual maior da taxa, o que desestimularia a emissão.

 

A Basf vai expandir em 2018 seu programa AgroStart, de aceleração de startups do agronegócio. De oito empresas em 2017, o programa passará a apoiar dez, conta o gerente de Marketing Digital para a América Latina, Almir Araújo. O programa foi criado por um grupo da Basf Brasil e deve ser “exportado” para Canadá, Europa, EUA e Ásia.

 

Além de um meio para identificar serviços de interesse dos clientes, o AgroStart aproxima a companhia de oportunidades de investimento. O diretor global de Venture Capital da Basf, Markus Solibieda, esteve no Brasil há duas semanas para conhecer a iniciativa. A área investe em vários setores, mas nunca apoiou startups. “É plausível eles adquirirem no futuro uma participação nessas empresas.”

 

Além dos grãos. O Brasil deve exportar US$ 200 milhões em nozes e castanhas em 2018, desempenho só abaixo dos US$ 250 milhões de 2011. Segundo o Departamento do Agronegócio da Fiesp, a recuperação se deve às melhores condições climáticas e à aposta na expansão da cultura no Rio Grande do Sul. O assunto será debatido no Encontro Latino-Americano de Nozes e Castanhas, hoje, na Fiesp. (O Estado de S. Paulo/Nayara Figueiredo)