Consórcio de carros: confira as 7 principais dúvidas

Carsale

 

O brasileiro costuma valorizar bastante o carro, pois este é um bem de alto valor agregado. Apesar de muita gente conseguir juntar dinheiro para comprar um veículo à vista, a maioria das pessoas ainda recorre a financiamentos.

 

Por aqui, uma forma de financiar que sempre deu certo é o consórcio de carros. A vantagem é tentadora: sem entrada e sem juros, com prazos de pagamento mais amplos que os de um financiamento comum.

 

Mas nem tudo são flores, já que a modalidade pede paciência (para o sorteio) ou recursos (para dar um bom lance e antecipar a compra do bem). Caso não haja uma coisa ou outra, o consorciado fica pagando por algo que ainda não tem – e que pode levar anos para adquirir.

 

Essas características são suficientes para dizer que consórcio de carros não é para qualquer um. As dúvidas sobre esta modalidade são muitas. Inclusive, recebo diariamente inúmeras perguntas de pessoas interessadas em aderir a um consórcio de carros.

 

Confira quais são as 7 dúvidas mais comuns:

 

  1. Comprovação de renda

 

Os vendedores de consórcio de carros são treinados para dizer que não é preciso comprovar renda para adquirir uma cota. Isso é verdade. Afinal, o consorciado é um credor que está colocando dinheiro em algo que ainda não tem.

 

Entretanto, nem todos avisam que, após a contemplação, é preciso comprovar renda para poder adquirir o bem. Quando isso acontece, seja por sorteio ou lance, a pessoa deixa de ser credora e passa a ser devedora, pois vai comprar o bem com recursos do grupo de consórcio de carros.

 

Outra coisa que os vendedores de consórcios costumam dizer é que basta ter uma renda três vezes superior ao valor da parcela. Isso é algo que deve ser estudado caso a caso, já que um pai de família, que tem as receitas comprometidas com várias contas, dificilmente conseguiria encaixar mais uma parcela em seu orçamento.

 

Por sua vez, um jovem que mora com os pais e tem poucos gastos pode conseguir comprometer até mais do que a metade do que recebe. Esses são apenas exemplos para poder dizer que você precisa ver o que é melhor para sua realidade, e não aceitar o que o vendedor lhe fala. Como o objetivo deles é vender, informações do gênero podem ser omitidas na negociação.

 

  1. Garantia de contemplação

 

Campeã das reclamações, a garantia de contemplação é a parte mais suja do consórcio de carros. Digo isso porque muitas pessoas são iludidas e acreditam que estão fazendo o melhor negócio de suas vidas. Não caia nessa, jamais!

 

Quando o vendedor promete que você será contemplado em determinado mês, vire as costas e vá embora. É impossível prever o mês de contemplação. Isso porque os lances são fechados e divulgados somente após assembleia.

 

Importante: consórcio de carros não é leilão. Portanto você não tem como saber se o valor ofertado é o maior e que será o vencedor. Lembre-se que dentro do seu grupo há centenas de pessoas com o mesmo objetivo, que também podem ter sido enganadas com a garantia de contemplação.

 

A outra forma é o sorteio. E, como o próprio nome já diz, conta única e exclusivamente com a ajuda da sorte. Minha dica para quem pretende entrar em um consórcio de carros com urgência em adquirir o bem, é ter pelo menos metade do crédito para poder ofertar de lance. Mesmo assim, sem nenhuma garantia de contemplação.

 

Se você tem menos que isso, é melhor nem entrar para não se frustrar. Faça um financiamento convencional e resolva seu problema de tempo.

 

  1. Uso do crédito

 

É dito pelos vendedores que a carta de crédito pode ser retirada em espécie. Isso é verdade, está até em contrato. Mas nem sempre isso é bem explicado por eles. Para poder retirar em espécie, o consorciado precisa quitar o consórcio de carros ou esperar até o fim do grupo. Isso porque é preciso ter alguma garantia de pagamento para segurança financeira do grupo.

 

Quando é usado para um bem, como um carro, ele é a garantia de pagamento. Caso a pessoa não pague, a administradora pode tomar o bem. Já com dinheiro, isso não tem como fazer. Para quem precisa de dinheiro com urgência, esqueça o consórcio de carros. Só um empréstimo conseguirá te atender.

 

  1. Compra de carros usados

 

Ao adquirir uma cota de consórcio de carros, o valor do crédito tem sempre algum bem como referência. No caso de consórcio de carros, este bem é sempre um carro novo. O consorciado não é obrigado a comprar aquele carro escolhido, já que o importante é o valor do crédito. Inclusive, pode ser utilizado para comprar um carro usado.

 

Tenho percebido que cada vez mais as pessoas me procuram querendo que eu compre um carro para elas com uma carta de consórcio de carros. Sinal que estão sabendo disso. Entretanto, ainda há muita gente com essa dúvida e não sabe que é possível.

 

Só é preciso ficar atento ao que está no contrato com relação à “idade” do carro, já que existem administradoras que aceitam carros com até três anos de uso, outras com até cinco anos ou possivelmente mais.

 

Enfim, isso não é uma regra, e cada uma pode exigir a “idade” que quiser, desde que esteja em contrato.

 

  1. Retirada do bem após contemplação

 

Muitos entram em um consórcio de carros sem pressa alguma e querem apenas fazer uma “poupança forçada”. Inclusive, é comum ouvir de algumas dessas pessoas que elas não querem ser contempladas, pois não pretendem adquirir o bem. Contudo, ninguém é obrigado a adquirir o bem após a contemplação. Mesmo contemplado, o consorciado pode esperar para comprar quando quiser. Caso chegue ao final do grupo, pode pegar em espécie, como já expliquei mais acima.

 

Após a contemplação, a administradora investe o valor da carta, que passa a render. Essa é minha parte favorita do consórcio, pois, neste caso, ele acaba se tornando um ótimo investimento, no qual o consorciado paga um pequeno valor de parcela, mas tem rendimento sobre o valor total da carta.

 

Isso nem sempre é bem explicado. Caso sua administradora não tenha feito essa aplicação, é sinal que você possivelmente escolheu a administradora errada.

 

  1. Não tem juros

 

Isso é verdade, o consórcio de carros não tem juros. Comparado a um financiamento normal, ele é bem vantajoso na parte dos custos. Mas como nada é de graça, em cada uma das parcelas está embutido um percentual de taxa administrativa. Essa taxa varia muito de administradora para administradora. É preciso ficar atento e compará-las.

 

Já adianto que isso não tem nenhuma relação com a qualidade do serviço prestado. Por incrível que pareça, as melhores administradoras costumam ter as menores taxas administrativas.

 

  1. Lance embutido

 

Isto, para mim, é o pior do consórcio de carros, pois inflaciona os lances. A ideia parece boa, porque o consorciado pode tirar uma parte do valor da carta para oferecer de lance. Vamos supor que o consórcio de carros ofereça 30% da carta para lance. Isso é vendido como algo exclusivo, e basta a pessoa ter mais uns 20% para chegar àquela metade que já citei como um valor razoável.

 

Não precisa pensar muito para ver que esses 30% estão disponíveis para todos. Portanto, quem tinha 50% vai continuar ofertando isso, mais o lance embutido, totalizando 80%.

 

Além disso, o consorciado paga a taxa administrativa do valor total, mesmo que tire alguma coisa da carta. A conta é complexa, mas quem conseguir entendê-la vai ver que, no fim da história, um consórcio de carros com lance embutido é mais caro e só é vantajoso para a administradora.

 

Como sempre digo, fuja de consórcio de carros com lance embutido. (Carsale/Felipe Carvalho)