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Falta incentivo do Estado para as micro e pequenas indústrias no Brasil, enquanto as médias e grandes recebem estímulos que nem seriam necessários. A avaliação é do diretor de tecnologia da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), João Alfredo Delgado.
“O pequeno empresário que tenta inovar é penalizado”, afirma Delgado. O especialista alega que muitas vezes o industrial de menor porte oferece como garantia algum bem, como carro ou terreno, para conseguir financiamento, e acaba perdendo esse patrimônio. O argumento do diretor é que muitas inovações não dão certo na primeira tentativa – às vezes é necessário errar para chegar ao acerto. Contudo, as pequenas indústrias não conseguem sustentar todas essas tentativas.
Delgado considera que a Finep, agência de fomento criada para financiar a elaboração de estudos para projetos e programas de desenvolvimento econômico, é ineficiente para as micro e pequenas indústrias.
Vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, a agência financia projetos caros, acima de R$ 10 milhões, para empresas como Petrobras e Braskem, que não precisam desse auxílio, diz o diretor da Abimaq. Na sua análise, esse subsídio deveria ser destinado a dezenas de micro e pequenos industriais, o que inclusive diluiria o risco do Estado na aplicação desses recursos.
Aproximação com startups
Para melhorar esse cenário de inovação nas indústrias de menor porte, a Abimaq é parceira da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) numa iniciativa apresentada nesta quinta-feira, em São Paulo: o Programa Nacional de Conexão Startup-Indústria.
Serão destinados R$ 10 milhões para esse projeto, que pretende facilitar a conexão entre empresários e startups. “Entendemos que, na manufatura avançada, você (industrial) não conseguirá fazer todas as competências da indústria sozinho, principalmente aspectos como internet das coisas e big data”, diz Delgado.
A ABDI esteve presente no maior evento de empreendedorismo do País, o Case, que ocorreu no início do mês em São Paulo. Na ocasião, a gerente de desenvolvimento tecnológico e inovação da agência falou no painel “Startups de Indústria: Por que é a hora de abrir ou investir em uma”, quando ressaltou a importância dessa aproximação entre indústrias consolidadas e empresas nascentes.
Apesar de considerar o atual patamar do câmbio e a recessão econômica como principais fatores para a retração da indústria, Delgado acredita que a inovação é necessária para o setor neste momento, porque, quando o cenário mudar, a demanda será por máquinas com mais tecnologia.
Ele reitera que ações do governo e o Programa Nacional de Conexão Startup-Indústria são necessários para incentivar o empresário, que hoje enfrenta o dilema de investir em tecnologia mesmo estando em retração. (DCI/Raphael Ferreira)