DCI
Em um cenário em que nenhuma montadora escapa da crise, a PSA Peugeot Citroën está crescendo. Para 2016, o grupo francês prevê crescimento de 15% na América Latina sobre um ano antes. O Brasil vai representar 40% do faturamento da região.
A fórmula do avanço em meio à forte retração do setor, segundo o presidente do grupo na América Latina, Carlos Gomes, passa pelo controle rígido das despesas, aumento da rentabilidade e trabalho intenso das marcas.
“Reduzimos custos fixos e variáveis e temos vendido maiores volumes com mais qualidade”, afirmou o executivo em entrevista ao DCI.
O mercado automotivo acumula queda de 22% até outubro, conforme dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). De acordo com a entidade, a retração do setor para 2016 deve se aproximar desse número.
No entanto, Gomes se diz ainda mais otimista do que de costume. “Desde 2013, temos feito um trabalho importante de reestruturação e reformulação de todo nosso portfólio. Crescemos em volumes e em rentabilidade também”, destaca ele.
O grupo projeta vendas de 185 mil unidades na América Latina em 2016. “Crescemos em volumes e os resultados financeiros também melhoraram. Nossas marcas continuam mostrando vitalidade”, comemora o executivo.
Apesar da estrutura mais enxuta no Brasil em relação a outros grupos como Volkswagen e General Motors, por exemplo, Gomes atribui o desempenho da PSA na região, em parte, ao trabalho de forte redução dos custos.
Ele conta que o número de funcionários que não estão ligados ao chão de fábrica foi reduzido em cerca de 50% desde 2013. Os custos com administrativo também foram reduzidos de forma significativa.
“Nossa estrutura é mais enxuta frente a outras montadoras, entretanto, atacamos fortemente a produtividade”, diz.
A PSA Peugeot Citroën possui uma fábrica em Porto Real (RJ), que neste ano deve produzir 82 mil unidades. No complexo também são produzidos motores. “Temos conseguido bons resultados na região. No terceiro trimestre, crescemos 22% na América Latina e acredito que teremos um resultado bastante satisfatório no ano”, comenta Gomes.
Com a competição cada vez mais acirrada no mercado brasileiro, a participação do grupo subiu de 2,3% para 2,6% até setembro, ressalta o executivo. Ele atribui o resultado tanto à Peugeot quanto à Citroën.
“Também estamos mudando nossa relação com os clientes, oferecendo pacotes de revisão com preços fixos”, explica Gomes.
Segundo o executivo, quase metade das vendas do grupo no Brasil é feita por meio de financiamento. E apesar da restrição ao crédito, ele afirma que a companhia tem conseguido driblar o problema com o banco do grupo. “Cerca de quatro em cada dez veículos vendidos no País são financiados pelo nosso banco”, revela.
Exportações
O presidente da PSA informa que 45% da produção em Porto Real é destinada à exportação. Esse volume corresponde basicamente à Argentina, onde as vendas da montadora continuam em expansão.
“A extensão do acordo automotivo entre o Brasil e o país vizinho até 2020 é positiva na medida em que confere previsibilidade” comenta Gomes. Ele afirma que o grupo estuda ampliar o volume exportado e a gama de destinos, mas que por ora nada está fechado.
Enquanto isso, o mercado doméstico ainda preocupa as montadoras, que em sua maioria não prevê um crescimento contundente para 2017.
Na semana passada, durante a abertura do Salão Internacional do Automóvel de São Paulo, algumas marcas arriscaram projeções para o ano que vem, mas o consenso é que o crescimento do mercado não deva passar de um dígito “tímido”.
Gomes estima uma expansão em torno de 4% a 5% das vendas no País para 2017. “Mas nós vamos crescer 15% na América Latina no ano que vem, o que inclui expansão também no Brasil”, destaca.
Uma das apostas do grupo continuará sendo o utilitário esportivo (SUV) 3008, da Peugeot. “Este mercado se mantém em franco crescimento e nós vamos crescer na categoria”, garante o executivo.
Com o portfólio recentemente renovado, o que inclui o compacto 208 com motor 1.2 de 3 cilindros – cotado como um dos veículos mais econômicos do mercado brasileiro -, o presidente do grupo francês está otimista.
“Estamos vendendo mais e com rentabilidade, o que é muito importante”, declara. (DCI/Juliana Estigarríbia)