Portal Faciap
O assessor econômico da Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Paraná (Faciap), Arthur Igreja, estima que a economia brasileira deve apresentar melhora apenas no segundo trimestre de 2017. Mas ainda é preciso cautela. “Definitivamente o pior já ficou para trás. Tudo está melhorando. Porém, como os danos foram profundos, o país se reergue lentamente. As pessoas precisam ter paciência”, diz ele.
Um dos sinais de retomada, para Arthur Igreja, é a queda da inflação, que registrou o menor valor para outubro desde 2000. Ele aponta também a redução nos juros, ainda que de forma tímida, de 14,25% para 14% ao ano, a primeira queda em quatro anos. “Na prática isso não muda muita coisa, mas é uma sinalização de tendência de queda. Ela se mantendo, começamos a ter mais dinheiro circulando na economia, o que é uma notícia excepcional”, afirma Arthur Igreja.
Apesar do cenário mais otimista, ainda é preciso cautela porque o Brasil sofre com crises de dívida. Além do endividamento dos governos, há o das famílias e o das empresas. Hoje, 40% do orçamento familiar está comprometido com dívida caras, como cartão de crédito, juro especial e financiamento de carro. É um dos endividamentos mais altos do mundo. “Somado ao desemprego, o endividamento afeta o consumo e, portanto, as vendas nas empresas”, diz Arthur Igreja. “Portanto, ainda levaremos mais um tempo para vermos o comércio mais aquecido”.
As empresas também estão no vermelho. Em tempos de crescimento da economia, os empresários tomaram dinheiro emprestado para expandirem. Agora, batalham para cobrir os juros do banco. Com isso, há empresas fechando e renegociando débitos, analisa Arthur Igreja. Além disso, o Brasil registra número recorde de recuperações judiciais. É o maior desde a criação da Lei de Falências, em 2005. “Ouço muito dos empresários que os pedidos de cotação aumentaram, mas os negócios ainda não estão fechando. O empresário tem que ter calma.
Se as empresas já começaram a receber mais propostas, em alguns meses isso deve se converter em dinheiro. A destruição da economia foi lenta. A reconstrução também deve ser”, analisa Arthur Igreja. Segundo ele, para 2017, a perspectiva de crescimento é de 0,8 a 1,6%. “Parece pouco, mas diante de toda a restrição que o país estava vivendo, o número se torna bastante positivo”, afirma o assessor econômico da Faciap. “Comparando com o que vimos nos últimos dois anos, em que o nosso PIB encolheu mais de 8%, a maior redução da história do Brasil, 2017 deve ser um ano bem melhor para todo mundo”. (Portal Faciap)