Em Hannover, caminhão brasileiro é destaque da MAN

O Estado de S. Paulo

 

O presidente mundial da MAN Latin America, dona da marca de caminhões Volkswagen, Andreas Renschler, disse ontem na Alemanha que já vê sinais de recuperação no mercado brasileiro, que vive uma das mais graves crises de sua história. “O mercado brasileiro chegou ao seu limite, mas começamos a verificar pequenas mudanças, como reações nas bolsas e no nível de confiança que vão levar a mudanças no cenário, mas sabemos que levará algum tempo.”

 

O executivo participou da apresentação prévia de veículos da marca que estarão expostos ao público, a partir desta semana, no salão internacional de veículos comerciais, em Hannover, conhecido como IAA, o maior do mundo nesse segmento. Pela primeira vez, um caminhão produzido apenas no Brasil, e desenvolvido conjuntamente por engenheiros brasileiros e alemães, a nova versão do Constellation, é apresentado como destaque dos lançamentos da empresa no evento, que é realizado a cada dois anos e está em sua 66.ª edição.

 

Outro lançamento do grupo alemão é o sistema de conectividade, batizado de Rio, “palavra em português que significa movimento, fluxo”, disse o executivo. Nos últimos dias foram espalhados por vários pontos de Hannover, inclusive o aeroporto internacional, placas e cartazes com o slogan Rio, que ontem teve seu significado revelado.

 

O sistema Rio permite, por exemplo, que o motorista que saiu de um determinado local com 70% de carga possa ser informado, ao longo do trajeto, sobre uma carga disponível para transporte e, assim, completar a capacidade do caminhão, o que reduz custos.

 

O IAA reúne mais de 2 mil expositores, entre fabricantes de caminhões, ônibus, vans, de autopeças, implementos e serviços. Nessa edição, há um foco claro nos veículos conectados, elétricos e autônomos.

 

A partir de 2018, a Mercedes terá à venda, na Europa, os primeiros ônibus e vans 100% elétricos. Na sequência virão os caminhões de grande porte para entregas urbanas. Totalmente silencioso e livre de emissões, é uma das grandes apostas da marca para o que Bernhard chama de “a nova era do transporte sustentável”.

 

Caminhões autônomos ou semiautônomos também estão em testes avançados pelas duas marcas alemãs, que aguardam definições da legislação para definirem prazos de lançamento.

 

Recuperação

 

O presidente global para veículos comerciais da Daimler, dono da Mercedes-Benz, Wolfgang Bernhard, está mais cético sobre o País do que o executivo da MAN. “O mercado brasileiro está muito difícil e somente terá uma retomada mais consistente quando as questões políticas tiverem menos impacto nas econômicas.” Para ele, as mudanças propostas pelo presidente Michel Temer agora precisam de fato serem colocadas em prática. Ainda assim, Bernhard disse que o grupo ainda vê o Brasil como mercado potencial e que manterá os investimentos locais.

 

O presidente da MAN no Brasil, Roberto Cortes, disse que a empresa busca novos mercados externos para ajudar a reduzir a ociosidade da fábrica de Resende (RJ), que opera com menos da metade de sua capacidade instalada, situação similar à da rival Mercedes-Benz em sua unidade de São Bernardo do Campo (SP). Em três anos, ele espera ampliar a participação das vendas externas de 15% para 30% a 35%. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)