Uno 1.0 compensa potência comedida com alto torque

Jornal do Carro

 

Ele não tem o cabeçote de 12 válvulas dos concorrentes, e também não dispõe de comando duplo. Além disso, rende 77 cavalos, bem menos que os 85 cv do Ford Ka – só para citar um exemplo. Quem julgar o Uno 1.0 2017 pelos dados técnicos tende a concluir que ele é inferior à concorrência. Afinal, os motores 1.0 dos oponentes (VW Up!, Hyundai HB20, Nissan March e Ford Ka) têm quatro válvulas por cilindro e duplo comando – o dobro do Uno, que agora (e um pouco tardiamente) entra para o clube dos tricilíndricos.

 

Mas, na prática, o Uno não decepciona. A primeira boa surpresa é a quase ausência de vibração. Ao contrário do Up!, por exemplo, o Uno tem funcionamento suave e marcha lenta muito estável. Motores de três cilindros precisam de sistemas mecânicos que compensem a natural vibração que geram, e a Fiat conseguiu bons resultados “desbalanceando” uma polia ligada ao virabrequim e o volante do motor. O resultado é que quase não se nota que o Uno Attractive 1.0 2017 (a partir de R$ 41.840) trocou o motor Fire de quatro cilindros pelo Firefly (vagalume, em inglês) tricilíndrico.

 

A segunda boa surpresa vem com o carro em movimento. Apesar da potência menor diante dos oponentes (e de ter crescido apenas dois cv em relação ao Uno 2016), os 77 cavalos conseguem dar agilidade ao hatch no trânsito urbano. Nesse caso, a explicação está no bom torque – o maior da categoria. São 10,9 mkgf com etanol e 10,4 mkgf com gasolina.

 

Graças a ele, as respostas ao acelerador estão dentro das expectativas para um carro 1.0 moderno. A Fiat compensou a ausência das 12 válvulas com a inclusão de um variador de fase no eixo comando. Em caso de baixa carga (pouco uso do acelerador), ele adota o ciclo Miller, que altera o funcionamento normal de abertura e fechamento de válvulas.

 

Além disso, a câmara de combustão e os dutos de admissão foram redesenhados, possibilitando que o motor adotasse alta taxa de compressão (13,2:1). O conjunto dessas tecnologias explica o bom funcionamento do hatch. Segundo a Fiat, o Uno 1.0 é capaz de alcançar 157 km/h de máxima e de chegar a 100 km/h em 12,5 segundos (etanol). O consumo urbano, também de acordo com a montadora, é de 9,24 km/l (etanol) e 13,11 km/l (gasolina). Na estrada, os números são 10,4 km/l (etanol) e 15,14 km/l (gasolina).

 

Além das alterações no motor, o Uno também ganhou direção elétrica, de série em todas as versões. Com ela, o modelo recebeu a função City, que a um toque de botão deixa o volante cerca de 50% mais leve e facilita manobras de estacionamento. Além disso, o sistema ajuda na economia de combustível.

 

Visualmente, as novidades são o para-choque e a grade, que cresceu e agora une os faróis. A suspensão macia privilegia o conforto. É boa para absorver imperfeições sobre piso ruim, mas a carroceria se inclina muito nas curvas.

 

Motor 1.3

 

Além do 1.0 de três cilindros, a família Firefly também está estreando o 1.3 de até 109 cavalos e 14,2 mkgf de torque (etanol). Ele substitui o 1.4 Fire (88 cv com etanol), e está disponível no Uno Way e Sporting. O Sporting 1.3 Dualogic, topo de linha (R$ 53.690), mostrou bom comportamento. As acelerações são convincentes para um modelo dessa cilindrada, embora seja um pouco difícil de acreditar nos 9,8 segundos anunciados pela Fiat para a prova de 0 a 100 km/h.

 

Outras novidades para o Way e Sporting 1.3 são sistema start-stop de série. Além disso, nas versões com câmbio Dualogic (que a propósito está fazendo trocas bem suaves!) é um pacote de tecnologias que inclui controle de tração, estabilidade e assistente de partida em rampas (evita que o veículo volte em saídas de aclives).

 

De resto, o acabamento é bom, com revestimento interno escuro e apliques plásticos metalizados e preto brilhante no painel e console. (Jornal do Carro)