O Estado de S. Paulo
O presidente da Anfavea, Antonio Megale, disse hoje que, diante da perspectiva de maior abertura comercial do País, a busca por melhor competitividade na indústria automobilística deve estar no centro da política industrial que substituirá o regime automotivo a partir de 2018.
Segundo ele, o regime automotivo conhecido como Inovar-Auto, cujas regras vencem no fim do ano que vem, não mostrou os resultados esperados na evolução da competitividade e desenvolvimento do setor, sobretudo na cadeia de autopeças.
Com incentivos ao desenvolvimento de carros mais eficientes, esperava-se, na época do lançamento do Inovar-Auto, em outubro de 2012, que a indústria automobilística brasileira daria um salto tecnológico que permitiria às montadoras do País concorrer no mercado global. O incentivo para as fábricas de autopeças viria do maior consumo de componentes locais nas linhas de montagem, já que o regime também vinculou a concessão de créditos tributários a compras de insumos nacionais.
O regime automotivo, de política centrada na nacionalização, levou novas montadoras a investir no Brasil, mas com a crise doméstica, o resultado foi uma ociosidade nessa indústria que hoje passa de 50%.
Durante fórum promovido em São Paulo pela revista Quatro Rodas, Megale considerou que produzir apenas para o mercado interno talvez não seja a melhor alternativa. A pergunta, segundo o executivo, é se o País quer ter uma indústria para competir em um mercado de 3 milhões de veículos (tamanho do mercado brasileiro no passado recente) ou no mercado global de 90 milhões de automóveis.
Para dar previsibilidade às empresas, o presidente da Anfavea reafirmou que a próxima política industrial deve ter prazo de dez anos, cinco a mais do que o regime atual. A política que vai substituir o Inovar-Auto é a prioridade da Anfavea nas negociações com o governo, junto com o programa nacional de renovação de frota, prometido pelo Planalto para o ano que vem.
Megale avaliou que a indústria de veículos talvez esteja enfrentando a pior crise de sua história, mas ele repetiu a expectativa de início de uma recuperação no fim deste ano.
“A principal crise, que é a crise política, começa a mostrar sinais de estabilização. Ontem, tivemos mais um avanço. Começamos a observar um clima um pouco melhor”, afirmou Megale, numa referência à cassação do ex-deputado Eduardo Cunha, selada ontem na Câmara. (O Estado de S. Paulo/Eduardo Laguna)