Setor de veículos retrata a crise do emprego

O Estado de S. Paulo

 

A redução do emprego no setor acompanhou a diminuição da produção de veículos, de 3,7 milhões de unidades em 2013 para pouco mais de 2 milhões neste ano. Os leves sinais de recuperação das vendas verificados nos últimos meses poderão atenuar a crise no último quadrimestre do ano, mas a retomada deverá ser lenta, admite o presidente da associação das montadoras (Anfavea), Antonio Megale.

 

Nem todas as fábricas concluíram os ajustes de pessoal, o que explica a abertura de programas de demissão voluntária (PDVs) na Volkswagen e na Mercedes-Benz. A oferta de um incentivo adicional às verbas rescisórias de R$ 100 mil não bastou para que se completasse o número esperado de adesões, um indicador da gravidade do problema.

 

Em vez de investir em novas unidades, como ocorreu na década passada, as prioridades das empresas ante a deterioração dos resultados passaram a ser aumento da eficiência, redução de custos e cortes de pessoal, avalia um diretor da consultoria alemã Roland Berger, Rodrigo Custódio. Na América do Sul, em dois anos e meio, General Motors e Ford registraram prejuízos de US$ 3,9 bilhões, calcula.

 

A baixa escala de produção das fábricas brasileiras, nas quais o número médio de robôs (30 mil) é muito inferior à média global (200 mil), é fator de baixa competitividade.

 

Mesmo com leve aumento de exportações, notadamente para países da América do Sul, o setor de veículos do País opera com ociosidade superior a 50%. Uma fábrica da Honda na cidade paulista de Itirapina, com capacidade de produção de 120 mil veículos anuais, foi concluída em 2015 e até agora não começou a produzir.

 

Sem a oferta de emprego qualificado, a mão de obra que saiu do setor automobilístico engrossa a fila do desemprego ou tenta a sorte abrindo microempresas, nem sempre na área de sua especialidade. (O Estado de S. Paulo)