Demanda de aço do País para de cair, mas avanço só virá após 1º trimestre de 2017

DCI

 

O setor siderúrgico parece finalmente respirar um pouco mais aliviado, apesar de não esperar grandes saltos na demanda. Empresas que atuam na cadeia local enxergam um final de ano atípico, com estabilidade nas vendas.

 

“Os últimos meses do ano apresentam, historicamente, uma queda dos volumes em relação aos trimestres anteriores. Mas acreditamos que, em 2016, devemos ter certa estabilidade”, afirma o diretor-geral da Steel Warehouse Cisa, David Sánchez.

 

A empresa processa bobinas de aço de siderúrgicas locais, como Usiminas e Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). “A expectativa de fornecedores e clientes é de que a produção não vai cair, pois há uma demanda represada”, acrescenta o executivo.

 

A Steel Warehouse, que opera oficialmente há três meses no Brasil, projetava uma demanda muito maior para seu primeiro ano cheio de operação. “A realidade é bem diferente. Os volumes estão um terço menores do que prevíamos”, estima.

 

Segundo dados do Instituto Aço Brasil (IABr), no primeiro semestre de 2016 o consumo aparente foi de 9 milhões de toneladas, recuo de 23,7% na comparação com igual período do ano passado.

 

De acordo com o diretor geral da empresa de aços especiais NLMK, Paulo Seabra, o setor já trabalhava com expectativas pessimistas para o primeiro semestre deste ano. “Ainda assim, a demanda veio bem abaixo do esperado.”

 

No entanto, ele acredita que uma combinação de fatores pode levar a um final de ano estável no setor. “Além de uma melhora do humor, os estoques de aço estão muito baixos, o que deve levar a uma recomposição ao longo dos próximos meses”, comenta o executivo, destacando que a retomada ainda será lenta.

 

“Não estamos contando com uma melhora automática da economia, pois o estrago foi grande. Mas já enxergamos sinais de recuperação, ainda que graduais”, acrescenta.

 

A cadeia siderúrgica trabalha com um ciclo de vendas mínimo que, devido à crise, não tem se confirmado. “Os clientes estavam deixando de se programar e comprando, na maioria das vezes, de última hora”, diz Seabra.

 

Agora, ele pondera que o consenso no setor siderúrgico brasileiro é de que o consumo parou de cair. “Os clientes já estão se programando mais.”

 

Retomada consistente

 

Sánchez, da Steel Warehouse, enxerga o cenário com cautela. “Estamos projetando uma retomada mais consistente da demanda após o primeiro trimestre de 2017.”

 

Para o diretor da NLMK, a definição política ainda é recente, o crédito continua escasso e os investimentos públicos estão baixos. “Pelo menos, teremos que esperar o ano de 2017 para saber a velocidade de retomada do mercado siderúrgico”, avalia Seabra.

 

Enquanto isso, as empresas ainda terão que enfrentar tempos difíceis. “Nossa total atenção estará voltada aos processos, redução de custos, formação de pessoas e projetos dos clientes”, diz Sánchez.

 

Ele ressalta que, diante do momento de crise, a Steel Warehouse está se preparando para ganhar o cliente. “O principal apelo é o aumento de produtividade com os nossos produtos, uma vez que há um melhor aproveitamento da chapa”, garante o executivo.

 

Já o diretor da NLMK revela que a empresa deve repetir, neste ano, o desempenho de 2015. “Esse resultado já é uma vitória porque o mercado está muito ruim”, pontua.

 

Para 2017, Seabra projeta um crescimento da NLMK de 10% sobre este ano. “É uma expansão tímida, já que ainda nos consideramos um novo player.” A companhia atua no País desde 2014. “O mercado de aços especiais, atualmente, equivale a um terço do que era naquela época.”

 

A carteira da empresa, segundo ele, hoje gira em torno de 100 clientes. “O momento é muito ruim, estamos assumindo faturas sem pagamento, um processo totalmente a risco. Mas a matriz continua acreditando no Brasil e na região, prova disso é a abertura de uma nova operação no Peru”. (DCI/Juliana Estigarríbia)