Uma experiência inédita…

O Estado de S. Paulo

 

Nesta semana tive uma experiência inédita. Fui convidada pela Fundação Volkswagen a participar do júri que definiria projetos sociais a serem contemplados com ajuda financeira da montadora.

 

O prêmio é para projetos curtos, com duração média de cinco meses, mas que podem prosseguir e ser ampliados depois. São apresentados pelos próprios funcionários das fábricas e escritórios regionais da companhia.

 

Ao todo, foram 790 projetos, dos quais 20 foram pré-selecionados pela Fundação e enviados a um grupo formado, em sua maioria, de espertos no tema, como representantes do Instituto Ayrton Senna e da Fundação Abrinq.

 

Nossa tarefa foi escolher dez ganhadores, que vão receber R$ 40 mil cada. Foi das tarefas mais difíceis que tive de executar, pois todos os projetos eram excelentes. Escolher um, significava eliminar o outro, e isso me provocou tremenda angústia.

 

Os projetos eram variados. Instrumentos musicais e aulas de canto para crianças deficientes e carentes, formação profissional e aulas de panificação para jovens deficientes, aulas de costura e bordado para mães de crianças com câncer, aparelhos para fisioterapia de idosos, material e instrutores para produção agroecológica em comunidades que viviam da colheita de cana, brinquedoteca e por ai vai.

 

Todos, sem exceção, beneficiariam muitas pessoas e a maioria deles poderia ir muito além dos cinco meses previstos, além de se tornarem referências para outros programas.

 

Muito bom que empresas estejam envolvidas nesses projetos. Mas, não dá para deixar de dizer que são ações que deveriam ser assumidas pelos governos federal, estaduais e municipais. A sociedade, em certa medida, faz o que pode. Muitos dão do pouco que têm.

 

Mas, com tantas denúncias de mau uso e desvios do dinheiro público, é triste saber que organizações sérias, com projetos que visam o bem de pessoas carentes, especiais, crianças, jovens, idosos tenham de passar por uma peneira para conseguir verba extra para desenvolver o que seria obrigação do Estado. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)