Produção de veículos cai 6,4% em agosto ante julho, mês mais fraco em 13 anos

O Estado de S. Paulo

 

Com 177,7 mil veículos produzidos, numa queda de 18,4% na comparação anual, as montadoras terminaram o mês passado amargando o agosto mais fraco em termos de atividade do setor em 13 anos. Em relação a julho, houve queda de 6,4% na produção de carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus, segundo balanço da Anfavea, entidade que representa os fabricantes de veículos instalados no país.

 

O resultado leva para 1,38 milhão de veículos o total fabricado pelas montadoras desde janeiro, o menor volume, entre períodos equivalentes, desde 2004. Frente aos oito primeiros meses de 2015, o corte na produção foi de 20,1%, numa tentativa das empresas de normalizar estoques e adequar o ritmo das linhas de montagem a um mercado menor. Em 12 meses, a queda foi de 31%.

 

Na média, 7,8 mil carros foram comercializados a cada dia que as concessionárias abriram as portas no mês passado. Mas como agosto teve dois dias úteis a mais, o resultado final do mês acabou mostrando leve alta de 1,4% no comparativo com julho.

 

Ainda assim, foi o pior agosto em vendas de veículos no Brasil em dez anos. No acumulado de janeiro a agosto, as vendas, de 1,35 milhão de unidades, recuaram 23,1%, também no pior número desde 2006. Em 12 meses até agosto, as vendas registram queda de 28,4%.

 

O número do mês passado foi influenciado por paradas de produção em montadoras como Mercedes-Benz, Ford e Volkswagen – esta última, em função da falta de peças após o rompimento de contrato com um fornecedor de diversos componentes.

 

Nas fábricas de carros de passeio e comerciais leves, como picapes, a produção somou 171,1 mil unidades durante o mês passado, 19% abaixo de igual período de 2015. Frente a julho, a produção nessa categoria teve queda de 6,6%.

 

Já nas linhas de montagem de caminhões, houve queda de 1,4% na comparação anual, mas alta de 2,4% em relação a julho, num total de 5,2 mil veículos produzidos no mês passado.

 

O balanço da Anfavea mostra ainda que a produção de ônibus, de 1,5 mil unidades, teve alta de 22,7% em relação a agosto de 2015. Frente a julho, a fabricação de coletivos caiu 10,5%.

 

Os ajustes de mão de obra também prosseguiram em agosto, quando 885 vagas foram eliminadas nas montadoras, incluindo nessa conta as fábricas de máquinas agrícolas.

 

O setor terminou o mês passado com 126 mil pessoas ocupadas, o que significa um corte de 8.371 postos nos últimos 12 meses, ou 33,6 mil vagas a menos desde novembro de 2013, quando teve início o ciclo de enxugamento de empregos na indústria de veículos.

 

Lay-off

 

No esforço para preservar vagas enquanto aguardam a retomada do mercado, as montadoras ainda mantêm 22,3 mil funcionários em esquema de jornada restrita de trabalho. A indústria automobilística terminou o mês passado com 2,5 mil empregados afastados das fábricas em regime de “lay-off” (suspensão temporária de contratos de trabalho), ferramenta pela qual grupos de operários ficam longe da produção por até cinco meses.

 

Outros 19,8 mil empregados estão trabalhando em sistema de jornada curta por conta da adesão de suas empresas ao Programa de Proteção ao Emprego (PPE).

 

Olimpíada

 

Apesar de o resultado de agosto ter sido o melhor do ano, com 183,9 mil veículos emplacados, as vendas poderiam ter sido melhores não fosse a realização da Olimpíada no Rio de Janeiro, afirmou hoje Antonio Megale, presidente da Anfavea. De acordo com o executivo, com a atenção dos consumidores voltada aos Jogos Olímpicos, as vendas na cidade do Rio de Janeiro, onde está o terceiro maior mercado do País, recuaram 14% na passagem de julho para agosto – na contramão do aumento de 1,4% das vendas nacionais.

 

Megale, numa referência à Volkswagen, disse também que a paralisação das atividades de uma grande montadora pesou nos resultados de agosto. De acordo com o executivo, a produção da indústria automobilística poderia ter se aproximado de 200 mil veículos se as fábricas da Volks, empresa onde trabalha, não tivessem sido interrompida por falta de peças. No fim, o setor terminou o mês passado com 177,7 mil veículos montados, 18,4% abaixo do volume de igual período do ano passado. (O Estado de S. Paulo/Eduardo Laguna)