O que é mais importante na hora de comprar um usado: preço ou qualidade?

Carsale

 

Quando compramos alguma coisa, nosso desejo é que o produto tenha preço baixo e ótima qualidade, certo? Pois bem! Todos os dias eu faço várias negociações de carros, e posso dizer que nem sempre esse desejo se torna realidade.

 

Só procuro veículos com qualidade para oferecer aos meus clientes. E, geralmente, a pedida por esses modelos está acima da média. Usando a tabela Fipe como referência, são poucas as pessoas que aceitam pagar acima do estabelecido por ela, e este acaba sendo meu maior desafio nas negociações.

 

Já deixei de comprar muitos carros ótimos por não conseguir chegar num preço aceitável. Porque o cliente que me procura tem a certeza que o automóvel que vou caçar para ele será, de fato, um produto de qualidade.

 

Com um único clique, hoje, é possível filtrar, em qualquer classificado da internet, o menor valor de cada modelo. Esse valor não pode servir de referência, pois para ser o mais barato, a chance de o carro estar ruim é grande.

 

Já falei sobre isso em outras ocasiões, aqui no Carsale. Portanto desconfie de preços muito baixos e não os use como referência. Aliás, recentemente aconteceu algo curioso comigo nesse sentido.

 

Eu procurava um Honda Civic usado para um cliente, no valor de R$ 58.500 (Fipe). O cliente até que foi coerente e disse estar disposto a pagar o valor de tabela. Ocorre que, num carro bom de mercado como o Civic, a maioria dos vendedores pede bem acima da tabela.

 

Entre alguns carros pesquisados, dois chamaram minha atenção. O primeiro tinha apenas 14 mil km e custava R$ 62 mil. Já o segundo tinha 26 mil km, ao preço de R$ 59.500. Ambos de únicos donos e aparentemente bonitos.

 

Quando fui fazer a avaliação presencial, vi que o primeiro estava realmente impecável, e ficou difícil encontrar argumentos para tirar os R$ 3.500 acima da tabela. O dono reduziu a pedida em apenas R$ 1.000, e eu não quis fechar o negócio.

 

No segundo caso, deparei-me com um bom carro, mas com muitos detalhes, como raladas no para-choque e no para-lama, troca de óleo prestes a vencer e interior encardido. Com tanta coisa para fazer, consegui um ótimo desconto, e o dono aceitou minha oferta de R$ 54 mil. Assim, um carro que inicialmente não havia despertado interesse passou a ser uma alternativa viável.

 

Perceba que o mesmo modelo era negociado por seus proprietários com uma diferença considerável de R$ 7 mil reais. É algo para se pensar, não acha? Tive uma longa conversa com meu cliente sobre a relação preço versus qualidade. E, para minha satisfação, ele optou pela qualidade.

 

Ainda chorei mais um pouco no preço daquele primeiro. Dias depois, o vendedor me ligou e aceitou a proposta. No final, fechamos em R$ 60 mil, valor que considerei justo para ambas as partes.

 

Se o novo proprietário – o meu cliente – mantiver o carro nesse mesmo padrão de qualidade com o qual o comprou, ele certamente também irá pedir acima da tabela quando for vendê-lo, dentro de alguns anos. E, assim como aconteceu conosco, é possível que ele também consiga um comprador que valorize isso.

 

Acho importante termos esse conceito de que, para fazer um bom negócio, o preço não precisa ser necessariamente o menor. Por outro lado, também acho curioso que os clientes me peçam para tentar vender seus veículos com preço acima da tabela quando, no momento de procurar um novo carro para eles, a orientação é justamente oposta a esta: eles sempre me pedem para adquirir um veículo com preço abaixo da tabela.

 

Quero deixar claro que meu objetivo, sempre, é fazer o melhor negócio para meus clientes. Primeiramente eu busco a melhor qualidade, e só depois discuto o menor valor que posso pagar por essa melhor qualidade.

 

E você, meu amigo leitor, o que prioriza quando negocia a compra de um carro? Relate sua experiência nos comentários. Assim, terei a oportunidade de conhecer outros critérios de avaliação. (Carsale/Felipe Carvalho)