O Estado de S. Paulo
O superávit comercial foi de US$ 4,14 bilhões em agosto, o maior para o mês desde 2006, de US$ 32,37 bilhões em 2016 e de US$ 44,7 bilhões nos últimos 12 meses. São números expressivos, mas a tendência não é clara. As importações dão alguns sinais de reação, como se depreende dos dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – e isso tornará mais difícil de alcançar o saldo de US$ 50 bilhões no ano estimado pelo Banco Central.
Outros sinais de mudança de tendência vieram do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE): na análise do Produto Interno Bruto (PIB), sob a ótica da demanda, as importações cresceram 4,5% entre o primeiro e o segundo trimestres e as exportações, só 0,4%. São números expressivos, embora não passíveis de comparação direta.
As exportações de agosto, de US$ 16,98 bilhões, superaram as de julho (US$ 16,33 bilhões). Mas, pelo melhor critério de avaliação, o do valor médio diário, caíram para US$ 738,7 milhões em agosto (-5%), comparativamente a julho (US$ 777,6 milhões), e superaram em apenas 0,2% as de agosto de 2015. Em 2016, a média diária de exportações foi de apenas US$ 735,6 milhões, queda de 4,9% em relação a 2015.
A média diária de importações alcançou US$ 558,7 milhões em agosto, recuo de somente 0,2% em relação a julho. As importações estão contidas pela recessão, sem que as exportações reajam a ponto de empurrar a economia para cima.
Mantido o patamar de câmbio e sem melhora significativa no mercado global, em especial de commodities, o valor total das exportações reage pouco. Em agosto, o maior dinamismo ocorreu nas vendas de manufaturados e semimanufaturados, caso de açúcar refinado, veículos de carga, aviões, automóveis de passageiros, máquinas de terraplenagem, tratores e calçados. O setor de veículos pesou na alta, mas essas vendas dependem da política global das montadoras.
Entre os semimanufaturados, foram mais expressivas as vendas de açúcar em bruto, ouro, alumínio, madeira serrada, ferro-ligas e itens de ferro/aço. Na comparação entre os primeiros oito meses de 2015 e de 2016, só cresceram as vendas de semimanufaturados; caíram as de produtos básicos.
A esperada reativação da economia deverá ser acompanhada de mais importações, mas, sem uma reação expressiva das exportações, o comércio exterior não será tão relevante para o crescimento. (O Estado de S. Paulo)