Diário do Grande ABC
Com a liminar concedida à Volkswagen para a retirada de seu ferramental das dependências da Keiper Metalls do Brasil em Mauá, a montadora iniciou ontem, às 5h, processo de retomada dos moldes.
Em nota, a PM (Polícia Militar) afirma que, entre os bens retirados da Keiper, estão 100 dispositivos de máquinas (bancos automotivos), que serão transportados por aproximadamente 32 carretas, em forma de rodízio, contando com cerca de 70 técnicos para a desmontagem do material. No total, serão cerca de 48 horas ininterruptas de trabalho.
“O processo está sendo acompanhado por oficial de Justiça e representantes das duas empresas. Primeiro, a Volks está catalogando tudo o que tem e, na sequência, irá retirar seu ferramental. Isso deve demorar em torno de dois dias”, explica o diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá, Adilson Torres, o Sapão.
O documento da PM informa também que, em todo esse período, o 30º Batalhão de Polícia Militar Metropolitano acompanhará o processo para garantir segurança e cumprimento da ordem judicial.
Foi acordado também entre as duas empresas que a Volkswagen compraria os bancos que estão prontos na empresa, mas houve dificuldades nesse processo. “Foi combinada a aquisição de estoque de bancos, a Volks disse que pagaria por eles, mas hoje (ontem) nenhum representante da Keiper apareceu para liberá-los e faturá-los”, explica Sapão.
A Volkswagen informou que o fato de rescindir o contrato e recorrer à Justiça, a fim de reaver os ferramentais da sua propriedade, foi a última alternativa tomada pela empresa. Segundo ela, cerca de 11 acordos comerciais foram descumpridos pelo Grupo Prevent, de origem bósnia, e detentor da Keiper, desde março de 2015. De lá para cá houve interrupções de fornecimento de bancos, o que gerou perda de produção de 130 mil veículos e 140 dias de paralisação nas fábricas da empresa. Após um ano de negociações entre a Keiper e a Volks, a fabricante de bancos teve o contrato reincidido pela montadora no início deste mês. A Keiper, que tinha 85% do faturamento proveniente da Volks, diz que buscava novo valor para os bancos, enquanto Volks alegava problemas com a data de entrega dos produtos.
“O processo continua bem, tirando esse impasse na tarde de hoje (ontem), estamos tendo apoio dos supervisores e temos, praticamente, a garantia dos direitos dos trabalhadores agora”, comenta Sapão, referindo-se ao depósito de R$ 10 milhões feito pela Volks em conta judicial.
O destino dos 400 operários da Keiper, no entanto, ainda não foi definido. 9Diário do Grande ABC/Paula Oliveira)