Brasil tem potencial para crescer mais, diz CEO da Renault-Nissan

Car and Driver Brasil

 

Com salário equivalente a R$ 5,2 milhões por mês, o rondoniano de nascimento, carioca de adoção e global por opção Carlos Ghosn é um dos executivos mais bem pagos do setor. Chefão da aliança Renault-Nissan há 11 anos ele comanda um conglomerado com 450 mil funcionários e que produz 8,5 milhões de automóveis em uma centena de fábricas espalhadas por todo o mundo. Em visita ao Rio de Janeiro no início do mês, Ghosn, que orgulhosamente diz que trabalha 18 horas por dia, aproveitou a viagem para apresentar os dois próximos modelos nacionais da Renault (o compacto Kwid e o SUV Captur), além do importado Koleos.

 

Já na Nissan, o CEO mostrou o protótipo BladeGlinder, uma espécie de visão do futuro da marca para os esportivos, e o conceito e-Bio motorizado com a célula de combustível de óxido sólido (SOFC, na sigla em inglês), que utiliza uma célula de combustível que trabalha com etanol ou água misturada com etanol. Os testes serão feitos nas ruas de todo o País, algo lógico devido a boa infra-estrutura do Brasil com este combustível. “Fomos a primeira montadora a desenvolver o carro elétrico e hoje temos entre 40% a 50% da venda global”, diz. “Queremos manter essa liderança não só com carro elétrico. A célula de combustível cria oportunidades regionais de produção de energia que utiliza uma infraestrutura já existente”, afirma Ghosn.

 

C/D: Qual a sua visão pessoal do atual momento do Brasil e as perspectivas futuras?

 

Ghosn: Acho que atingimos o fundo do poço do começo do ano, ou seja, já há pequenos sinais de uma ligeira retomada da economia. Penso que 2017 ainda não será um bom ano para o Brasil. A recuperação em si acontece em 2018. Para isso é importante que as linhas de créditos voltem a ser fornecidas com mais vigor pelo sistema bancário e isso só vai acontecer quando a confiança na economia e na política voltar ao Brasil.

 

C/D: Nos últimos anos o grupo investiu US$ 1,8 bilhão no Brasil. A Nissan construiu uma nova fábrica em Resende (RJ). Estão arrependidos?

 

De forma alguma. O nosso compromisso com o Brasil é de longo prazo. Acreditamos no País e no seu potencial. Esse atual mercado abaixo dos 2 milhões de carros por ano não é natural. O Brasil tem potencial para mais. E como disse, a recuperação econômica já aparece no horizonte. E é por isso que vamos investir na renovação do nosso atual portfólio de produtos ao gosto do brasileiro.

 

C/D: E qual é a meta do grupo para o País nos próximos anos?

 

Hoje a Renault tem algo como 7% do mercado e a Nissan, 3%. São números bons e em crescimento, o que é mais importante. A meta é o grupo deter 15% do mercado brasileiro, sendo 10% a Renault e 5% a Nissan. A finalidade é essa, só não abro a data que temos que atingir tal objetivo. O quanto antes melhor, é claro. Mas não quero que as pessoas se concentrem apenas sobre o prazo e esqueçam o fato de que ela tem de ser sustentável. Quero continuidade, e estamos investindo para 15% ser sólido. (Car and Driver Brasil)