Volvo S90 avança na automação e no luxo

Jornal do Carro

 

Depois do utilitário-esportivo XC90, a Volvo está lançando agora os outros dois modelos derivados da mesma plataforma: de uma só vez, a montadora sueca apresentou o sedã S90 e a perua V90. Eles vêm para concorrer em um nicho de mercado tão sofisticado como exclusivo: de acordo com o diretor comercial da Volvo Cars no Brasil, João Oliveira, o S90 irá dividir mercado com a trinca alemã Mercedes-Benz Classe E, BMW Série 5 e Audi A6.

 

Trata-se, segundo Oliveira, de um segmento com vendas na faixa de 1.000 unidades por ano. A Volvo tem como meta obter 10% desse bolo, ou 100 unidades anuais.

 

A chegada ao Brasil está prevista para o primeiro semestre do ano que vem. Mas o Jornal do Carro andou no sedã e na perua pelas estradas da Andaluzia, no sul da Espanha, e pode antecipar as impressões.

 

Começando pela dinâmica, à primeira vista pode-se suspeitar que os 4,96 metros de comprimento e os cerca de 1.900 quilos serão muito para o motor 2.0 de quatro cilindros que equipa o modelo T6, como o avaliado (e um dos prováveis para ir ao Brasil). Porém, com a combinação de turbo e compressor mecânico, as coisas funcionam muito bem. Embora não tenha a mesma pegada esportiva do BMW, graças aos 320 cavalos de potência e ao torque de 40,8 mkgf (disponíveis a partir de 2.200 rpm), as respostas são muito satisfatórias.

 

Sem fazer muito alarde sonoro, o carro ganha velocidade rapidamente. Para se ter uma ideia, segundo a Volvo o T6 acelera de 0 a 100 km/h em 5,9 segundos. A máxima é limitada a 250 km/h. Para um sedã de luxo sem nenhuma pretensão esportiva, são bons números. Além disso, durante a avaliação de mais de 300 quilômetros por auto-estradas, estradas secundárias cheias de curvas e pequenas cidades, a média de consumo ficou na faixa dos 10 km/l de gasolina, de acordo com o computador de bordo. Com a “nossa” gasolina (misturada com etanol), no entanto, dificilmente essa média será alcançada.

 

Internamente, o S90 caracteriza-se pelo luxo e pelo bom acabamento. A Volvo se orgulha do design escandinavo aplicado ao carro, e realmente esse é um dos pontos fortes do modelo. Na versão Inscription, topo de linha, o interior mescla couro e madeira. O modelo avaliado tinha madeira com acabamento fosco, e o couro está presente até na parte de cima do painel, causando um belo efeito visual. Além disso, vários componentes têm acabamento que lembram cristais lapidados, como o botão do controle de som, o seletor de modo de condução e alavanca de câmbio, bem curta.

 

É possível selecionar entre quatro modos de condução (Eco, Comfort, Dynamic e Individual), o que permite privilegiar economia ou desempenho. Mesmo na versão mais esportiva (Dynamic), no entanto, o S90 mostra-se um carro que não abandona seu elevado padrão de conforto. Assim, a suspensão não fica firme o suficiente para curvas mais fechadas feitas em alta velocidade, embora a direção até fique mais “pesada”. A falta de alavancas atrás do volante para trocas de marchas manuais só reforça que o S90 é um carro voltado ao conforto. Portanto, aproveite as oito marchas do câmbio automático e curta o luxo.

 

A posição ao volante é muito boa, e os bancos (do motorista e do passageiro da frente) dispõem de ventilação, massagem e aquecimento, além de ajustes elétricos até para as abas laterais.

 

Atrás, há dois lugares dignos de classe executiva em aviões. O terceiro é classe econômica. Isso por causa do túnel central muito alto, que reduz o conforto. A explicação é que o modelo utiliza a nova plataforma (SPA) desenvolvida para automóveis híbridos e elétricos. Nele, a bateria fica alojada na longitudinal, no centro do veículo.

 

Falando nisso, o único modelo já definido para o Brasil é exatamente o híbrido T8, que combina o mesmo propulsor 2.0 do T6 com um motor elétrico de 117 cavalos. Juntos, geram 407 cavalos, e fazem o modelo chegar a 100 km/h em 5,2 segundos. Embora não haja nenhuma definição sobre preço, o S90 T8 custará algo entre R$ 350 mil e R$ 400 mil.

 

Semiautônomo

 

O S90 tem boa dose de autonomia, e é capaz de andar por algum tempo sem interferência do motorista. Para se ter uma ideia de como está sendo o progresso nesse campo da automação, o XC90, lançado no ano passado, é capaz de permanecer nos limites da faixa até 50 km/h. Já seus novos irmãos podem fazer o mesmo a até 130 km/h.

 

Testamos a autonomia nas boas estradas espanholas, e na maioria dos casos o modelo soube se manter nos limites das linhas demarcadas no asfalto e fez pequenas correções de volante. Mas em curvas um pouco mais fechadas ele não conseguia fazer o contorno corretamente, exigindo intervenção humana. Além disso, após uns dez segundos dirigindo “sozinho”, soa um alarme e aparece um aviso no quadro de instrumentos, pedindo que o motorista segure no volante. Ele “sabe” quando o condutor soltou o volante por detectar que não há nenhum movimento de direção.

 

Além do sistema de detecção de faixas, o carro consegue frear ao detectar animais de grande porte, como alces ou cavalos, por exemplo. Essa é uma das novidades no pacote denominado Intellisafe, que reúne todas as tecnologias destinadas a aumentar a segurança, como o sistema de detecção de pedestres, ciclistas e outros veículos.

 

Ele avisa sobre o risco iminente de colisão ou atropelamento, e auxilia na frenagem, se o motorista não tomar nenhuma atitude. Além dos sistemas de segurança ativa, o carro traz sete air bags.

 

Perua menor que sedã

 

Pode parecer um contrasenso, mas, ao contrário do padrão, a perua V90 é 2 cm mais curta que o sedã S90. Os dois modelos têm o mesmo entre-eixos (2,94 metros), mas a Volvo conseguiu fazer uma perua espaçosa sem estender demais a parte traseira. Além disso, ao contrário das peruas ‘quadradonas’ da marca, como os antigos modelos da série 900 e 850, a V90 tem traseira mais bem desenhada, sem cortes muitos abruptos.

 

Como a diferença de pesos entre sedã e perua é muito pequeno (inferior a 40 quilos), o comportamento dinâmico dos dois modelos é muito semelhante. Tanto que, segundo a própria Volvo, a aceleração de 0 a 100 km/h é de 5,9 segundos para o S90 e de 6,1 s na V90. Isso ocorre por causa do leve peso adicional e também por causa da aerodinâmica pior (Cx 0,26 no sedã e 0,30 na perua).

 

Tudo isso, no entanto, pode ser compensado pela capacidade de carga bem maior: enquanto o S90 leva 500 litros, a V90 acomoda 560 litros sem rebatimento de bancos (o que pode ser feito eletricamente), ou chegar a 1.526 litros com os encostos rebaixados. (Jornal do Carro)