Perda total aumenta 25% em compactos com a adoção do airbag

Carpress

 

Essa expressão ainda assusta muita gente, no sentido de que o dano a um automóvel que atinge 75% ou mais de seu valor para reparo significaria simplesmente ter o veículo destruído. Só que não.

 

Comprou um carro compacto – Volkswagen Gol ou up!, Fiat Palio, Chevrolet Onix – e sofreu um acidente com abertura do airbag? Pois bem. Muito provavelmente será “decretada” a perda total do veículo.

 

Isso tem acontecido desde o início de 2014, quando ABS e airbag passaram a ser obrigatórios e, todos os carros à venda no Brasil. “Houve um aumento em torno de 25% em função da utilização das peças relacionadas ao acionamento do airbag”, conta Marcelo Cerqueira, superintendente de sinistros da seguradora HDI.

 

Segundo ele, nos veículos “populares” (cuja média de indenização é de R$ 30.522) só esse kit custa em torno de R$ 3.800. Ou seja, é uma parcela considerável dos 25% que ocasionam a chamada perda total.

 

Há relatos de motoristas que caíram em ribanceiras, o carro capotou “n” vezes e não houve abertura do airbag. Está claro: o airbag só abre com a desaceleração do veículo.

 

A velocidade de impacto que faz o airbag abrir leva em consideração a conjunção de alguns fatores, como a velocidade da colisão e a forma como o sistema foi calibrado – não há um valor determinado que faz o dispositivo abrir.

 

Essas desaceleração que causa a abertura do airbag pode variar de carro para carro e de acordo com o fabricante. De um modo geral, no entanto, não é preciso estar em altíssima velocidade para deflagrar sua abertura.

 

Airbag abre já a 30 km/h

 

Basta um carro estar a 30 km/h e colidir contra uma estrutura rígida (um muro ou um carro parado, por exemplo), para que se abra o dispositivo. Ou mesmo um carro a 50 km/h bater em outro com velocidade média de 30 km/h.

 

Se o condutor estiver a 100 km/h e bater contra um poste, o airbag vai abrir, já que ocorreu a desaceleração. Mas se o condutor estiver a 100 km/h e bater contra um carro à frente que está em 90 km, há possibilidade do dispositivo não abrir, já que a desaceleração foi pequena.

 

“Há veículos disponíveis no mercado que não contam com sensores periféricos. Nesse caso a central eletrônica possui com um acelerômetro que processa as informações. Já nos veículos com sensores periféricos, os mesmos podem estar localizados na frente do veículo, nas laterais (airbag lateral), no banco, no teto etc., mas sempre conectados com a ECU. A definição de onde serão posicionados os sensores fica a critério da montadora e da plataforma do veículo”, explica Alexandre Pagotto, gerente de marketing da divisão Chassis Systems Control da Bosch.

 

ABS e airbag

 

Entenda: enquanto o ABS tem a intenção de evitar um acidente (segurança ativa), os airbags ajudam a minimizar as consequências (segurança passiva) quando os acidentes são inevitáveis.

 

“Os airbags formam, em associação ao cinto de segurança, uma parte elementar do conceito moderno de segurança. Ao contrário do cinto, que fixa somente à pélvis e os membros superiores do corpo, os airbags servem de apoio para a cabeça”, esclarece Pagotto, da Bosch.

 

Airbags foram desenvolvidos para atuar junto à posição normal de ocupação no veículo. Caso o condutor esteja muito inclinado para frente ou afastado do volante, o airbag não será efetivo e poderá ainda causar danos à pessoa.

 

Como regra geral, a distância entre os membros superiores do corpo e o airbag do volante devem ser entre 25 centímetros a 30 cm. A Bosch orienta que o manual do proprietário seja sempre consultado para verificar quais as orientações da montadora para cada veículo.

 

A abertura do airbag frontal não representa perigo para as gestantes e seus bebês, visto que visa proteger a cabeça. De qualquer forma, é preciso que a motorista esteja sentada na posição correta, com a parte inferior do cinto de três pontos posicionado abaixo da barriga e observar a distância de pelo menos 25 cm em relação ao airbag.

 

Atenção! O passageiro nunca deve colocar os pés sobre o painel. Essa medida visa coibir que as pernas sejam arremessadas, em caso de colisão, contra a própria pessoa.

 

Não devem ser colocados objetos, como GPS ou celulares, nos locais indicados com a sigla airbag como, por exemplo, no centro do volante, painel acima do porta-luvas, uma vez que, em caso de abertura do sistema, podem ser arremessados contra os ocupantes do veículo.

 

Bolsas e outros objetos no colo do passageiro podem se tornar um objeto de arremesso perigoso em casos de colisão. “O airbag e o cinto de segurança ajudam a salvar vidas em combinação com uma boa estrutura de absorção do veículo tanto frontal quanto lateral. Neste último, por exemplo, são necessários airbags laterais para corpo e cabeça visando proporcionar mais segurança aos usuários. Atualmente apenas o dispositivo frontal é obrigatório”, completa Pagotto.

 

A partir de 2016, a Latin NCap contará com mais um critério para avaliar a segurança do veículo incluindo além do impacto frontal, a análise de colisão lateral do veículo. (Carpress/Luís Perez)