AGCO investe R$ 100 milhões por maior participação no mercado de colhedoras de cana

Globo Rural

 

Elevar sua participação nos próximos cinco anos no mercado nacional de colhedoras de cana-de-açúcar, que deve permanecer estável em 2016, com a venda de máquinas apenas para renovação. Com esse objetivo a AGCO Ribeirão Preto, centro de especialidades da multinacional para os negócios envolvendo o setor canavieiro, investiu R$ 100 milhões desde 2012, quando adquiriu 100% da fábrica da Santal, que tinha um share de 3 a 4% do mercado nacional de colhedoras.

 

A indústria de Ribeirão Preto (interior paulista) foi expandida, remodelada e a mão-de-obra foi qualificada para se adequar ao padrão da multinacional. Com isso, a AGCO se tornou a única companhia do país a oferecer a solução completa para a cana: equipamentos para preparo e plantio, colheita, transporte e carregamento e cogeração de energia.

 

No ano passado, a empresa lançou o seu produto principal para atingir a meta de abocanhar uma parte maior do mercado: a colhedora BE 1035e Valtra. As novas máquinas estão em teste desde setembro em canaviais de clientes da empresa no Centro-Sul e Nordeste (e também na Índia, Tailândia e Bolívia), e agora entram em comercialização. Marco Antonio Gobesso, gerente de marketing Cana-de-açúcar da AGCO, estima em 700 o número de colhedoras que vão ser vendidas no país este ano por todas as marcas, mesmo volume do ano passado. Segundo ele, o objetivo inicial é colocar 40 colhedoras Valtra na lavoura no primeiro semestre deste ano. “Sabemos que o mercado não vai se expandir, mas ele existe e queremos uma fatia maior dele.”

 

Protocolo ambiental

 

O Protocolo Ambiental nacional, que elimina as queimadas e obriga produtores a mecanizarem a colheita de cana, entra em vigor em 2017, mas o setor não prevê um aumento de vendas por isso. “O protocolo paulista, onde está a maior parte da produção de cana do país, já venceu e foi importante para o setor, mas o fator fundamental da mecanização não é esse. A questão é que mecanizar diminui os custos”, justifica Gobesso, acrescentando que o boom do setor de máquinas para colheita ocorreu entre 2013 e 2014, quando foram vendidas cerca de mil máquinas por ano.

 

A nova colhedora da AGCO, que engloba as marcas Valtra, Massey Ferguson e Challenge no Brasil, tem com uma das principais metas resgatar o grau de confiabilidade do produto. “A Santal produzia excelentes máquinas, mas não tinha a confiança do produtor”, diz Gobesso, que também trabalhava na antiga fábrica. “Após os testes nos canaviais, podemos dar a certeza ao nosso cliente de que a colhedora tem um grau de confiabilidade de 90%, ou seja, em 90% do tempo ela estará trabalhando.”

 

O gerente explica que há uma diferença muito grande entre as colhedoras de cana e de grãos, por exemplo, no número de horas trabalhadas e no trabalho exigido. Enquanto uma colhedora de grãos trabalha cerca de 300 horas por safra, uma de cana chega a trabalhar 3.000 horas por safra e colhendo um produto que é quase todo fibra. Isso exige muito mais do equipamento, assim como mais horas de manutenção. Segundo ele, uma colhedora de cana tem vida útil de cinco ou seis anos e tem que ser reformada completamente a cada final de safra. O problema é que essa janela de entressafra vem diminuindo a cada ano com a antecipação da colheita. Daí a necessidade de um produto mais confiável.

 

Muita eletrônica embarcada desenvolvida especialmente para a cana, motor forte e de baixo consumo da própria AGCO (a colhedora da Santal tinha motor Scania) e facilidade de operação e de manutenção são algumas das características da nova colhedora, disponível apenas com esteiras, por enquanto. O custo do equipamento, que já vem preparado para piloto automático e tem cabine com ar-condicionado e ergonomia para o conforto do operador, não é revelado. “Não é a máquina mais barata do mercado, mas sua eletrônica, confiança e vantagens para o produtor e o operador certamente compensam o preço”, diz Gobesso.

 

Linha de produção

 

Na última quinta-feira (17), a AGCO abriu pela primeira vez sua fábrica de Ribeirão Preto à imprensa e apresentou a moderníssima linha de produção da nova colhedora. Dênis Oliveira, gerente de manufatura da unidade, disse que 90% do maquinário da fábrica é mecanizado e 50% das cerca de 4.000 peças da colhedora são fabricadas na própria indústria de Ribeirão. A AGCO trabalha com a política de erro zero e tem, no final da linha de montagem, uma cabine que faz 102 testes na colhedora pronta, antes de entregar o produto às concessionárias. A capacidade de produção da planta é de 240 máquinas por ano, mas a indústria trabalha atendendo à demanda.

 

José Renato Donadon, responsável pelo marketing do produto, mostrou aos jornalistas as facilidades de operação da colhedora e afirmou que o ritual de entrega da colhedora AGCO a um cliente se estende por quatro dias. “O objetivo não é apenas vender, mas satisfazer todas as necessidades dos clientes”. (Globo Rural/Eliane Silva)