Confiança na indústria volta a recuar em prévia do segundo mês do ano

O Estado de S. Paulo

 

De acordo com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), a confiança da indústria apresentou nova queda na prévia da sondagem de fevereiro. O recuo do nível de confiança do segundo mês do ano é de 1,0 ponto, para 75,2 pontos. A queda é sinal de que a recente melhora nos indicadores de estoques e competitividade externa é insuficiente para colocar a atividade em uma trajetória sustentável de crescimento.

 

“Ao longo do segundo semestre de 2015, houve melhora dos estoques, à custa de redução da produção, demissão e aumento da capacidade ociosa. Isso aliviou a pressão, e os empresários conseguiram melhorar seu planejamento”, explicou Tabi Thuler Santos, pesquisadora da FGV. Segundo a especialista, a desvalorização do câmbio também deve proporcionar vantagens através do processo de substituição de importações.

 

“Outros indicadores, porém, não foram compensados. Então, isso tudo é marginal, o relevante mesmo é a demanda interna. A substituição de importação é um paliativo, o que vai mudar é a demanda interna, sobre o que a percepção dos empresários continua piorando”, ponderou a economista.

 

Para ela, a elevada ociosidade da indústria é sinal dessa dificuldade.

 

Na prévia divulgada, o Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) ficou em 74,2%, apenas 0,1 ponto porcentual acima do mês passado, quando foi atingido o menor patamar da série, iniciada em 2001.

 

“Não é certo que a demanda vá melhorar neste ano, por isso estamos com um nível de ociosidade altíssimo, o que leva também a baixos investimentos. Isso nos deixa cada vez mais distantes do nível adequado de investimentos”, disse Tabi.

 

A prévia de fevereiro mostra que o índice de Expectativas caiu 2,3 pontos ante janeiro, para 73,1 pontos. Já o índice da Situação Atual (ISA) ficou estável em 77,6 pontos no período. (O Estado de S. Paulo)