Jornal do Carro
Os seguros de veículos estão longe de ser iguais. A Superintendência de Seguros Privados (Susep), autarquia responsável pela regulamentação do mercado, define que um produto completo deve oferecer a chamada Cobertura Compreensiva, que protege contra o risco de roubo, furto, incêndio, enchente, colisão e capotamento.
Mas mesmo que sua apólice seja assim, há variáveis que devem ser consideradas na hora da compra. Isso pode alterar drasticamente o valor a pagar.
Dá para reduzir o valor da franquia, o que encarece a apólice, ou aumentá-lo, tornando o custo mais acessível. O mesmo vale para a cobertura para danos contra terceiros. Quanto maior o valor, mais cara será a apólice. Além disso, há serviços opcionais que também interferem na conta final.
O desafio é conseguir comprar um produto sob medida para suas necessidades, pagando apenas pelas coberturas e extras de que precisa de fato.
“Um corretor de seguros identifica essas opções para o cliente, que nem sempre tem conhecimento para decidir sozinho”, diz o presidente do Sindicato dos Corretores de Seguros do Estado de São Paulo (SinCor-SP), Alexandre Camillo.
Listamos algumas dicas para ajudar você a baixar o valor do seguro do seu carro. E para ficar por dentro do “segurês”, idioma falado pelo pessoal do setor, confira no final da reportagem o significado dos termos mais usados.
1) Atitudes simples que valem muito
Para definir o preço da apólice, a seguradora analisa os riscos a partir do perfil do segurado. Em idade, sexo e locais de residência e trabalho, há pouco espaço para mudanças. Mas dá para economizar adotando algumas atitudes simples. O seguro fica mais barato para quem estaciona o carro em garagens e estacionamentos e não compartilha a direção com jovens de 18 a 25 anos. Mas atenção: nunca dê informações falsas à companhia de seguros. “Se ficar provado que houve má-fé pelo segurado, a seguradora poderá negar a indenização”, lembra o diretor executivo da Tokio Marine, Marcelo Goldman.
2) Em veículos visados, use rastreador
O uso de rastreadores ajuda na recuperação do veículo em caso de roubo ou furto, o que reduz o risco assumido pela seguradora. Por isso, o segurado que permite a instalação do dispositivo costuma ser recompensado com desconto no valor do prêmio – algumas companhias chegam a bancar o serviço. Nos modelos mais visados (com alta incidência de sinistro), o rastreador pode ser até exigido para que a seguradora aceite fazer o seguro. Sócio-diretor da corretora Minuto Seguros, Manes Erlichman diz que a instalação do item não justifica o cancelamento da garantia de fábrica do veículo. “A interferência no sistema elétrico é mínima”, afirma.
3) Não pague por algo de que não precisa
A contratação de serviços extras pode engordar a fatura em até 30%. Por isso, avalie suas necessidades e elimine o que não for essencial. O socorro com guincho é uma ajuda providencial, mas, se você só roda na cidade, não precisa pedir abrangência de longa distância. Quem tem mais de um veículo na garagem pode abrir mão do carro reserva e, ainda, concentrar serviços de conveniência, como reparos domésticos por encanador ou eletricista, em uma das apólices. “Faça um seguro mais completo para um dos carros e, nos demais, opte por algo mais barato”, sugere Manes Erlichman, da corretora Minuto Seguros.
4) Considere tipos de cobertura mais em conta
Com o orçamento apertado, a solução pode estar nos produtos mais baratos. Um deles é o seguro sem perfil. Comum em frotas, é mais caro por embutir no preço o pior cenário possível de risco. A exceção é o Autofácil, do BNP Paribas Cardif, que cobre só roubo e furto. Para pessoas físicas, promete economia de até 50%. Há também apólices com vigência menor, de apenas seis meses. Mas fique atento: como não há vinculação entre os valores pagos a cada semestre, o custo de dois planos de seis meses provavelmente será maior que o de uma única cobertura de 12. Mas pode ser interessante para quem pensa em vender o carro logo.
Glossário
Apólice – Documento em que constam os dados do segurado e do bem e as condições do seguro contratado.
Cobertura – Valor da indenização garantido pelo contrato de seguro. Por exemplo: cobertura de danos contra terceiros de até R$ 30 mil.
Evento – Acontecimento durante a vigência do seguro, como roubo e incêndio. Pode ser ou não coberto pela apólice.
Franquia – Fração do valor da cobertura que deve ser paga pelo próprio segurado em caso de sinistro. É como se o contratante participasse do prejuízo e ajudasse a pagar a indenização a si mesmo.
Indenização – Soma paga pela seguradora para compensar o prejuízo resultante de um sinistro.
Prazo ou vigência – Intervalo de tempo dentro do qual vigora a proteção contratada.
Prêmio – É o “preço” do seguro, o valor que o segurado deve pagar à companhia para ter direito à proteção do bem.
Sinistro – Ocorrência de evento coberto pelo seguro que obriga a seguradora a pagar indenização. Deve ser informado por meio do aviso de sinistro.
Terceiro – Qualquer pessoa, seja ela física ou jurídica, que não tenha parentesco em primeiro grau, dependência econômico-financeira ou vínculo empregatício com o titular do seguro. Terá direito à indenização por dano causado pelo segurado (ou seu veículo), desde que essa cobertura tenha sido contratada. (Jornal do Carro)