Carplace
O ano de 2016 não começou nada bem para a indústria automotiva brasileira. Mesmo levando em consideração que o mês de janeiro é historicamente fraco em vendas, a marca de 155,3 mil veículos emplacados representa uma queda de 38,8% se comparada ao mesmo período do ano passado. Em coletiva realizada nesta quinta-feira em São Paulo, a Anfavea (associação que reúne as principais fabricantes) divulgou os dados do setor e voltou a criticar a massiva carga de impostos sobre o carro nacional.
Com uma produção de apenas 145,1 mil veículos em janeiro, a indústria voltou a números de 2003. “Estamos regredindo 13 anos”, lamentou Luiz Moan, presidente da entidade. A crise afeta diretamente os trabalhadores das montadoras, cujo um quarto está incluindo em algum tipo de mecanismo para evitar demissões. De acordo com Moan, hoje as montadoras estão com 6,3 mil empregados em lay-off, além de outros 35,6 mil no PPE – Programa de Proteção ao Emprego do governo federal.
Apesar da crise cada vez mais evidente do setor, Moan não vê saídas a curto e médio prazo. Mais uma vez, o executivo citou a elevada carga tributária dos carros brasileiros como um dos fatores das baixas vendas e, claro, da margem mais apertada dos fabricantes. “O brasileiro paga dois carros e leva um”, disse Moan, exemplificando que o carro mais barato do país, o Fiat Palio Fire 2p poderia custar R$ 19.149 se não fossem os impostos (ele custa R$ 28.360).
“Nós somos totalmente favoráveis ao ajuste fiscal, mas sabemos que o governo não discutirá isso neste momento”, desabafou o executivo, sabendo que na verdade a presidente Dilma Rousseff deseja aumentar a receita por meio da volta da CPMF. A Anfavea citou novamente casos de países com carga de impostos bem menores que a brasileira, como a do Japão (5,0%), EUA (7,5%) e Coreia do Sul (10%). Mas mesmo comparado a países que taxam mais, como nossa vizinha Argentina (21%), o Brasil ainda tem números extorsivos: 37,2% em carros até 1.0, 41,2 % em carros entre 1.0 e 2.0 flex, e 43,7% entre 1.0 e 2.0 a gasolina. (Carplace/Daniel Messeder)