Detroit mostra que invasão de carro verde nos EUA ainda é tímida

UOL Carros

 

Foi uma das recuperações mais rápidas de que se tem notícia. O mercado interno americano estava tão prostrado em 2009, com “apenas” 10 milhões de veículos vendidos, que nem dava para substituir a frota sucateada a cada ano. Pois em 2015 venderam-se 17,5 milhões de unidades, recorde que perdurava desde 2000.

 

Além da crise financeira e imobiliária, o preço de petróleo estava quatro vezes mais alto do que hoje. Essa virada se explica por várias boas razões de fundo econômico, em especial pela exploração do xisto ter diminuído a dependência do país de petróleo importado. O Salão de Detroit, que vai até o próximo domingo (24), tinha assim muito o que comemorar, mas nem por isso apresentou tantos lançamentos de grande impacto. Na realidade, apenas uma anomalia de cronograma, como comentou Bill Ford, dono da fabricante homônima.

 

Gasolina barata impulsionou a venda de SUVs, diminuiu a de modelos puramente elétricos (apenas 0,7% do mercado total) e até de híbridos. Em dezembro último, por exemplo, os SUVs praticamente empataram com os automóveis (hatches e sedãs) na preferência do consumidor, pela primeira vez. Cada segmento ficou com quase 40% do total, sendo o restante de picapes e monovolumes.

 

Entretanto, há uma severa meta de redução de consumo de combustível fóssil imposta pelo governo americano para diminuir emissões de poluentes. A média de todos os modelos produzidos por cada marca deverá ser de 23,2 km/l em 2025. Dessa forma, elétricos puros (a exemplo da versão final do Chevrolet Bolt lançado em Detroit) e híbridos plugáveis em tomadas (caso do VW Tiguan GTE 4×4 Active Concept com bom desempenho 100% elétrico fora de estrada) ajudarão a compensar picapes e SUVs pesados e sedentos por combustível, mas o problema será convencer o cliente a substituí-los. Quanto mais com a gasolina na faixa de R$ 2,40 o litro e tendência de baixa…

 

O que nos interessa

 

De interesse imediato para o Brasil, o Cruze hatch, com seu estilo mais próximo ao europeu, deve agradar o comprador daqui. Ford Fusion, produzido no México, recebeu leve atualização estilística e já é praticamente igual ao Mondeo alemão.

 

Embora os monovolumes representem uma parcela de apenas 7% do mercado americano, a FCA investiu bastante na minivan Chrysler Pacifica, em tudo superior à Town & Country. É toda nova e inclui recursos como portas corrediças e tampa traseira acionadas sem as mãos, teto solar triplo e até aspirador de pó integrado. No campo dos ainda puramente conceituais, está o SUV grande Kia Telluride, desenhado na Califórnia.

 

O Salão de Detroit deste ano destaca-se justamente pelos sedãs e cupês. A Mercedes-Benz lançou a nona geração do Classe E, o mais tecnológico dos seus modelos: permite fazer ultrapassagens a até130 km/h em modo autônomo (basta ligar a seta) e estacionar por meio de controle remoto via aplicativo para telefone inteligente. Chegará ao Brasil no segundo semestre. O cupê Lexus LC 500, além de linhas ousadas, é o primeiro automóvel de tração traseira com caixa de câmbio automática de 10 marchas. Pretende desafiar modelos das três marcas premium alemãs. O novo sedã Hyundai Genesis G90, com grade inspirada na dos Audi, vai pelo mesmo caminho. (UOL Carros/Fernando Calmon)