DCI
Diante da queda persistente das vendas da indústria automotiva, as montadoras trabalham atualmente com cerca de 50% de ociosidade, afirmou ao DCI o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan.
“O segmento de caminhões teve uma queda muito maior e eu diria que estas empresas estão utilizando apenas um terço da sua capacidade produtiva”, acrescenta o dirigente.
Contudo, Moan acredita que no final do terceiro trimestre do ano que vem a economia comece a esboçar os primeiros sinais de retomada. “Essa é a nossa aposta.”
Segundo ele, uma montadora “veterana” no Brasil chega a gastar US$ 1 milhão por dia útil apenas para manter as operações. “O gasto médio anual de algumas montadoras ultrapassa US$ 250 milhões somente para se manter. Só investe assim quem acredita no potencial do mercado no longo prazo”, garante.
Moan observa que uma das saídas para utilizar a sobrecapacidade das montadoras é intensificar as exportações. No entanto, essa é uma tarefa que leva tempo. “Durante os últimos dez anos, tivemos um aumento significativo dos custos e perdemos muita competitividade. Agora, com a apreciação do dólar, estamos correndo atrás do prejuízo”, pondera.
Eleição na Argentina
Moan avalia que a eleição do candidato opositor na Argentina, Mauricio Macri, pode trazer resultados positivos para o Brasil e especificamente para a cadeia automotiva.
“O discurso inicial do Macri foi extremamente positivo para os laços entre os dois países. Ele demonstra preocupação em intensificar o diálogo com o Brasil”, destaca o dirigente.
Nos últimos anos, o setor automotivo brasileiro se tornou altamente dependente da Argentina, que chegou a representar quase 80% das vendas externas das montadoras localmente. “O país vizinho sempre foi um grande cliente para nós. Mas com o movimento de valorização do real sobre o dólar, essa dependência aumentou ainda mais”, revela.
De acordo com a Anfavea, 2013 foi o ano em que o Brasil mais exportou para a Argentina: 475,3 mil unidades do total de mais de 560 mil exportados.
Moan destaca que o acordo automotivo com o país vizinho vence em junho de 2016. “Precisamos que o tratado seja adequadamente renegociado e que seja estabelecido um prazo, o mais longo possível, para essas novas regras”, pontua. “O que nós precisamos é de previsibilidade.”
Ele ressalta que “equilíbrio” seria um bom caminho para a política econômica argentina. (DCI/Juliana Estigarríbia)