Brasil prepara incentivos para enfim popularizar “carro verde”

UOL Carros

 

Uma reunião realizada na última quinta-feira (22) pelo Comitê Executivo de Gestão da Camex (Câmara de Comércio Exterior), órgão subordinado ao Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, terminou com aprovação de proposta que determina redução Imposto de Importação (II) sobre veículos elétricos, híbridos de recarga externa e movidos a célula de combustível.

 

A informação foi publicada pela Folha de S. Paulo na última quinta e confirmada por UOL Carros junto a fontes do MDIC e da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores). A expectativa é que o ministério divulgue detalhes da resolução, que faz parte do Inovar-Auto, no Diário Oficial da União entre segunda (26) e terça-feira (27).

 

Com a medida, o setor espera, já em 2015, aquecer as vendas de “carros verdes” no país e alcançar, pela primeira vez, volume de vendas acima de 1.000 unidades/ano. Para 2016, é quase certo que a meta será atingida. Em 2014, o número alcançado ficou abaixo de 800.

 

Os veículos de matriz alternativa já comercializados por aqui no varejo são: Fusion Hybrid, Toyota Prius, Lexus CT200h e Outlander PHEV (híbridos); e BMW i3 (único elétrico da lista). O grupo Renault-Nissan tem exemplares de veículos como Leaf, Zoe e Twizy rodando no país, porém em projetos isolados  feitos com frotistas e órgãos governamentais.

 

Fabricação local

 

O incentivo aos elétricos e híbridos pode ir além da importação: também na última semana, a Comissão de Meio Ambiente do Senado Federal aprovou o Projeto de Lei 174/2014, do atual ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga (PMDB-AM).

 

A proposta concede isenção de Imposto de Importação e IPI, por 10 anos, sobre modelos movidos a energia elétrica ou híbridos (desde que com motor de combustão a etanol) que sejam produzidos localmente. O texto vai agora para a Comissão de Assuntos Econômicos.

 

Apesar de ainda não ter sido totalmente aprovada, a matéria já foi motivo de celebração para o governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão. “Vamos negociar com a Nissan-Renault a instalação da primeira fábrica de carros elétricos no Rio”, prometeu, em entrevista a jornalistas locais no final da semana passada.

 

Procurada por UOL Carros, a assessoria da Nissan confirmou a intenção de produzir, em sistema de CKD (as peças chegam prontas de fora e são montadas localmente) o elétrico Leaf no complexo de Resende. “A questão principal é falta de estrutura. Com as medidas aprovadas, as concessionárias podem começar a se preparar para oferecer esse serviço. Como já temos unidades rodando no país em projetos de táxis, a homologação seria rápida”, apontou João Veloso Jr., diretor de comunicação corporativa da marca.

 

Projetos para médio prazo

 

Veloso admitiu, porém, que, mesmo após aprovação definitiva dos dois projetos, será necessário passar de “seis meses a um ano” estudando a viabilidade da nacionalização do Leaf, especialmente pela questão do preço. Nenhum entre os modelos elétricos disponíveis hoje no Brasil tem valor estimado muito abaixo de R$ 200 mil. “Quem está disposto a pagar esse preço? Mesmo que o imposto caia, ainda tem a questão do dólar, que empurra para cima de novo. Vamos seguir fazendo as contas”, disse.

 

A decisão da Nissan, portanto, deve ficar para 2017. A conterrânea Toyota também tem planos de produzir o Prius localmente, mas só em 2018, já utilizando a nova geração lançada recentemente no Salão de Frankfurt. Ela começa a ser vendida em nosso mercado, ainda como importada, no ano que vem.

 

A BMW também já confirmou a UOL Carros a intenção de montar em Araquari (SC) o i3, primeiro carro 100% elétrico à venda para o consumidor comum no país (a partir de R$ 199.950). À época, a montadora alemã comentou que depende exatamente de um plano de isenção do IPI e de cotas para importação para definir se vale ou não a pena nacionalizá-lo. A resposta não virá antes de dois anos. (UOL Carros/Eugênio Augusto Brito e Leonardo Felix)