Estudo imagina polo de indústria automotiva no sul do continente

Folha de S. Paulo

 

Entre 1932 e 1935, Bolívia e Paraguai travaram a Guerra do Chaco pelo controle de um território que se imaginava rico em petróleo, nunca encontrado. Oito décadas depois, os dois países teriam potencial para instalar uma cadeia produtiva de veículos elétricos, contribuindo para reduzir a dependência da matéria-prima da gasolina.

 

A proposta de unir o lítio boliviano ao excedente elétrico paraguaio é de seis pesquisadores da USP, em artigo publicado recentemente na revista acadêmica americana “Renewable & Sustainable Energy Reviews”. Entre os autores, está o ex-diretor da Petrobras Ildo Sauer.

 

O estudo argumenta que há vantagens comparativas em fabricar baterias de lítio na Bolívia, cujos custos de produção do mineral seriam até 70% mais baixos do que os atuais. Uma das vantagens é a escala: a maior jazida do mundo poderia equipar 3,4 bilhões de carros elétricos.

 

Do lado paraguaio, o fato de ser o maior produtor per capita de energia hidrelétrica do mundo comportaria a instalação de uma indústria automobilística, além de favorecer a troca de motores movidos a combustíveis fósseis por elétricos. A produção seria, inicialmente, para os dois países.

 

“As possibilidades são potenciais. A concretização depende da criação de mecanismos empresariais, privados ou estatais”, disse Sauer à Folha, em seu escritório no Instituto de Energia e Ambiente (IEE-USP). Ele chamou o artigo de “exploratório”.

 

Questionado sobre a estratégia boliviana de perseguir uma tecnologia própria, Sauer disse que um melhor caminho é a associação com empresas estrangeiras.

 

Ele descartou a ideia de que a Bolívia possa se transformar na “Arábia Saudita do lítio”. “O componente boliviano não é imprescindível na mobilidade elétrica mundial”, afirmou. (Folha de S. Paulo)