Estado de Minas
A decisão da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) de avaliar a abertura de um processo de antidumping contra montadoras chinesas teve como origem uma iniciativa da Stellantis, montadora, que fabrica marcas como Fiat, Jeep, Citroën e Peugeot.
O antidumping visa combater práticas comerciais desleais, como a venda de produtos a preços inferiores ao custo de produção para conquistar mercado e prejudicar concorrentes locais. O tema ganhou relevância com a entrada de gigantes chinesas no mercado brasileiro. A GWM (Great Wall Motors) e a BYD (Build Your Dreams) planejam iniciar suas produções no Brasil ainda este ano, em São Paulo e na Bahia, respectivamente.
Os dados da Anfavea apontam que, entre janeiro e novembro de 2023, veículos importados da China representaram 10% das importações brasileiras do setor, percentual que saltou para 26% em 2024. Essas empresas comercializaram volumes significativos de veículos elétricos e híbridos no país, liderando as importações de eletrificados.
Internamente, montadoras tradicionais com fábricas no Brasil, como Stellantis, Ford e Volkswagen, têm manifestado preocupação com os impactos da competição chinesa. O presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, reafirmou a necessidade de proteger a indústria local, destacando a importância de garantir um ambiente de livre concorrência que estimule os R$ 150 bilhões em investimentos previstos pelas empresas instaladas no país até 2030.
A proposta de elevação do Imposto de Importação para 35% e a possível abertura de um processo formal de antidumping têm como principais alvos as empresas BYD e GWM. A ação será apresentada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) nos próximos dias e deve incluir tanto automóveis quanto caminhões, ônibus e máquinas agrícolas.
Embora a Anfavea represente um conjunto de 25 montadoras, a movimentação liderada pela Stellantis sinaliza uma preocupação crescente com a expansão das montadoras chinesas, cuja estratégia agressiva de preços tem pressionado o mercado nacional. (Estado de Minas/Guilherme Amado)